Duas linhas vêm na esteira do Mover, a fim de aumentar a fabricação de cabeçotes e blocos de motor, e outras duas transferidas da Itália
São Paulo – No ano em que celebra 25 anos no Brasil a OMR Componentes Automotivos, que pertence ao Grupo Sada, conclui investimento de R$ 80 milhões para agregar quatro linhas de produção à sua unidade em Sete Lagoas, MG, que entrarão em operação a partir de julho. Duas delas foram transferidas da Itália para ampliar a fabricação de componentes da parte inferior de blocos de motor das atuais 300 mil unidades para 500 mil por ano.
As outras duas linhas são novas e vêm na esteira do Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação. Estabelecidas a pedido da Teksid – empresa de fundição de ferro anteriormente pertencente à FCA e, hoje, à Tupy –, terão capacidade de produzir 200 mil cabeçotes e 100 mil blocos de motor por ano. Foi o que contou o diretor comercial da OMR Componentes Automotivos, Fábio Candian, em entrevista à Agência AutoData.
“A Stellantis transferiu praticamente uma fábrica de produção de motores, tanto de usinagem quanto de montagem, da Europa para Betim. E, dentro desse processo, nós também transferimos essa linha dupla para a produção de bedplates da nossa matriz italiana. Quanto às outras duas linhas fomos escolhidos pela Teksid, que fabrica esses produtos para a Fiat, só que com o aumento de demanda em razão da transferência dessa linha da Europa eles precisaram também ampliar a capacidade produtiva de cabeçotes e blocos. E, no lugar de fazer um investimento interno, nomearam a OMR.”
Este movimento é impulsionado pela sobrevida dada aos motores a combustão em locais em que a eletrificação ainda é realidade distante, caso do Brasil, e onde têm sido desenvolvidos novos produtos menos poluentes mas ainda com a mesma forma de propulsão. Planos de empresas globais têm descontinuado linhas dedicadas à combustão na Europa e as concentrado no Brasil, que possui forte expectativa de tornar-se polo exportador da tecnologia.
O plano da OMR é iniciar vendas para Índia e África. A unidade de Sete Lagoas, MG, a única na América Latina, embarca em torno de 10% de sua produção para a própria Itália, seu país de origem, e também à Argentina. A expectativa da companhia é fabricar em 2024, ao todo, 6 milhões de peças, o que ampliará sua capacidade em 11,1%, ao considerar que no ano passado saíram das linhas 5,4 milhões de unidades.
A empresa que produz componentes para motores, transmissão e chassi de alta complexidade, como bloco e cabeçote de motor, manga de eixos, disco de freios, tambores de freios e volante, tem a Stellantis como seu maior cliente, responsável por metade de seu faturamento. E atende também Iveco, General Motors, Honda, Renault, Volkswagen e ZF.
Com as novas linhas, embora a produção tenha alto índice de robotização – Candian contou, como curiosidade, que o primeiro robô da cidade foi instalado na fábrica da OMR –, o número de funcionários está sendo acrescido em cem profissionais e, até o fim do ano, chegará a 950.
Quanto às receitas, que conforme o executivo têm mantido ritmo de crescimento de 5% a 10% nos últimos anos, inclusive durante a pandemia, o fato de ter índice de nacionalização que subirá de 90% para 95% com as novidades contribui com o desempenho. A ideia é manter estes porcentuais de acréscimo ao faturamento este ano.
“O Mover deverá trazer novas oportunidades para nós. Por exemplo: há montadoras que estão pensando em trocar seus motores mais poluentes, como os a diesel ou que hoje são importados e que geram poluentes acima do especificado pelo programa, por motores para os quais a OMR fornece bloco do motor e vários componentes. Enxergamos que podemos crescer ainda mais em 2025. Já realizamos fortes investimentos no ano passado e neste ano, e continuaremos a investir.”
A aposta na hibridização para o País e a tendência de nacionalizar o híbrido flex também deverá contribuir com o negócio da OMR.
OMR considera possibilidade de verticalizar processo produtivo
Candian não descarta, de acordo com o planejamento estratégico da companhia, eventuais ampliações físicas da unidade mineira, inclusive para a verticalização do processo produtivo. A área de 300 mil m² tem apenas 60 mil m² construídos. Ou seja: espaço não falta.
“Olhando para a qualidade do produto e para a competitividade, sempre pensamos em verticalizar os processos produtivos”, pois trata-se de algo ainda em fase de definição, ele assinalou. “Não temos ainda o projeto totalmente fechado e divulgado de forma oficial, mas há alguma novidade chegando por aí.”
Recentemente a companhia obteve a certificação internacional SA8000, conferida pela SAI, Social Accontability International, que segundo Candian apenas oito empresas no Brasil possuem.
Histórico
O grupo nasceu na Itália, em 1919, com a produção de máquinas para usinar mármore, sob o nome de Fratelli Tirini. Só em 1955 houve a mudança de nome para OMR, Officine Meccaniche Rezzatesi e o ingresso no setor automotivo. Hoje há quinze unidades em quatro continentes.
Em 1998 a Fiat pediu que a OMR nacionalizasse produto que era fabricado na Itália e estabelecesse operação perto da montadora em Betim. Então foi fechada parceria com o proprietário do Grupo Sada e, em 1999, a fábrica de Sete Lagoas abriu as portas.