Até o primeiro semestre de 2025 8% dos 380 veículos próprios receberão motor novo da MWM
São Paulo – A estratégia do Grupo Sada para promover a descarbonização em sua frota passa por uma aposta diferente: em vez de substituir os veículos que rodam nas estradas por outros que emitam menos CO2 a companhia optou por reindustrializar caminhões em bom estado para que, em vez de rodarem com diesel, utilizem GNV.
Parceria com a MWM permitiu a remanufatura dos sistemas motrizes, elétricos, eletroeletrônicos e de alimentação e, com isto, tem-se praticamente um veículo novo, com garantia, e menor impacto ambiental no ciclo de vida do próprio produto, afirmou Ricardo Ramos, diretor de operações e negócios do Grupo Sada, ao apontar investimento total de R$ 9,3 milhões.
“É diferente de conversão, que transforma o motor a diesel para rodar a gás. Este motor é totalmente novo. É feita uma remanufatura mesmo, que permite um segundo ciclo de vida ao veículo ao instalar um novo motor a gás. Este é o nosso diferencial.”
Seis caminhões começaram a rodar de junho a agosto, integrando a frota de maneira gradativa. Até o primeiro trimestre de 2025 serão 31 caminhões reindustrializados, o que consumirá a injeção de R$ 7,3 milhões. A partir de então o executivo estima que a participação da empresa em produtos movido a gás, no mercado brasileiro, alcançará fatia de 20% a 25%.
“O objetivo deste plano é nos posicionarmos como os maiores participantes e pioneiros nessa empreitada de promover agenda mais sustentável junto ao mercado de transporte brasileiro.”
De acordo com Ramos o motor novo a GNV, também compatível com biometano, reduz significativamente os poluentes lançados: “Fizemos estudo para mensurar as emissões e notamos redução de 20% em comparação ao caminhão com motor a combustão”.
Ramos acredita que este conceito promove ambidestria ao caminhão, uma vez que a frota possui idade média de 11 anos e que, a partir do momento em que recebe o motor a gás equivalente ao Euro 5, põe em prática senso de urgência. Se fosse comprar um veículo a gás, de fábrica, segundo o executivo, não haveria pronta entrega e, além disto, teria de se desfazer de caminhão em bom estado.
“Há também uma questão de viabilidade, que não se dá por custo apenas, mas pela qualidade. Existem, ainda, aspectos de menor emissão de fuligem, gases e particulados.”
Caminhões remanufaturados têm percorrido curtas e médias distâncias
O veículo com o motor a GNV possui autonomia de até 340 km com oito cilindros: “Estamos estudando a inserção de mais cilindros a fim de ampliar o alcance. Temos usado os veículos a gás para percorrer pequenas e médias distâncias, de até 60 km”, disse, acrescentando que os caminhões têm feito trajeto desde o pátio de montadoras até o centro logístico do Grupo Sada.
A parte da longa distância ainda é tarefa que cabe aos veículos a diesel, uma vez que o País ainda não possui oferta considerável de infraestrutura de abastecimento a gás, ressaltou o executivo. Por este mesmo motivo a adoção ao elétrico tem ficado de lado, para um momento posterior, dadas as condições escassas de opções de recarga e de autonomia limitada – o que foi constatado pela empresa após período de testes com veículos a bateria.
Tanto que, além do investimento em reindustrialização, foi realizado aporte adicional de quase R$ 2 milhões em postos de abastecimento nas principais bases logísticas da companhia, uma em Betim, MG e outra em São Bernardo do Campo, SP. Esses recursos somam-se aos R$ 7,3 milhões para remanufaturar os 31 veículos e perfazem R$ 9,3 milhões.
A frota atual da transportadora é de 380 ativos próprios em operação – se forem considerados os terceirizados este número sobe a 3,5 mil: “Estamos estudando a ampliação da capacidade, até porque, além de poluir menos, o GNV é mais econômico que o diesel, mas é preciso discutir com os clientes esta mudança. Também estamos avaliando algumas rotas na Grande São Paulo, no entroncamento do Grande ABC até o Centro-Oeste, passando por Goiás, por exemplo”.
Ramos destacou que parceria com a Cosan deverá instalar fontes de abastecimento no caminho até Ribeirão Preto, SP, para que abasteçam de forma mais rápida do que a bomba simples do posto, que demanda de 45 minutos a uma hora para encher o tanque. Ao passo que as que foram instaladas nas bases logísticas do Grupo Sada reduzem a espera para 5 minutos.
Bônus para os corredores que a Cosan busca tornar viáveis é que os pontos de abastecimento deverão oferecer a opção do biometano, o que trará uma certificação a mais para o transporte sustentável. “Nossa agenda ESG é ampla e temos ações diversas, o que inclui o sequestro de carbono por meio das nossas plantações. Nossa ambição é genuinamente trazer menor impacto nesta cadeia e descarbonizar, porque entendemos que isto é um dos nossos pilares estratégicos.”