Quem salvou as exportações em termos de volume foi a Argentina, responsável por comprar 40% do que foi embarcado de janeiro a novembro
São Paulo – As exportações de veículos reagiram ao longo do segundo semestre e deverão contribuir para uma estabilidade ao término do ano, revertendo, assim, as fortes quedas registradas nos primeiros meses. De janeiro até novembro, na comparação com o mesmo período de 2023, porém, ainda há queda de 3%, considerando 366,7 mil unidades contra 378,2 mil. Os dados foram apresentados pela Anfavea em entrevista coletiva à imprensa na quinta-feira, 12.
Considerando apenas os números de novembro foram enviados a outros países 39,3 mil veículos, 9,7% abaixo dos 43,5 mil de outubro e 63,4% acima dos 24,1 mil do mesmo mês do ano passado.
Segundo o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, quem salvou as exportações em termos de volume foi a Argentina, responsável por comprar 40% do total de janeiro a novembro: 149,5 mil das 378,2 mil unidades, incremento de 39% com relação ao resultado de igual período em 2023.
Lima Leite também destacou o Uruguai, o terceiro maior comprador, com fatia de 9% e 34,7 mil unidades, 14% acima dos onze meses do ano passado. Mas chamou atenção ao fato de que o México, o segundo principal cliente, tenha reduzido suas compras no acumulado deste ano em 26%, somando 95 mil veículos. O Chile, quinto do ranking, reduziu em 35% seus pedidos, para 16,5 mil unidades.
“Estamos perdendo participação nos principais países de destino dos nossos veículos, mesmo com as economias locais se recuperando. Isto liga um sinal de alerta porque o Brasil precisa ser mais competitivo. O custo Brasil ainda é nosso maior desafio, e a reforma tributária se faz necessária para alterar este cenário”, avaliou, ao lembrar que a maior presença de veículos chineses não é exclusiva do Brasil e é ainda mais agressiva no restante da região, em que sua presença chega a 60% dos importados.
O dirigente da Anfavea ressalvou que o cenário composto pela queda nas exportações frente ao crescimento das importações indica que a balança comercial encerrará o ano negativa, pela primeira vez em dez anos, com 403 mil embarques frente a 463 mil entradas de veículos fabricados em outros países.
“Esta é a primeira vez que a curva se inverte desde 2014. Isto não pode ser uma tendência. Precisa ser algo pontual pois é muito perigoso para a nossa indústria”, assinalou.
Quanto ao valor obtido com as exportações nos primeiros onze meses de 2024, US$ 9,9 bilhões, tem-se queda de 2,2%. Em novembro entraram US$ 999,9 milhões, diminuição de 14,2% diante de outubro e 33% acima do mesmo mês no ano passado.