BYD diz que vê ação com tranquilidade e GWM afirma que desenvolvimento da indústria automotiva brasileira por décadas foi deixado em segundo plano pelas montadoras tradicionais
São Paulo – A Anfavea confirmou que encomendou estudos para averiguar a prática de dumping, no Brasil, por parte de montadoras com origem na China que comercializam veículos importados. Reportagem da jornalista Cleide Silva publicada pelo site Estadão150 na segunda-feira, 27, apontou que fabricantes que estão há mais tempo no Brasil devem formalizar nos próximos dias pedido neste sentido ao MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços por meio da entidade.
Procurada a Anfavea manifestou-se por meio de nota em que seu presidente, Márcio de Lima Leite, além de ratificar esta intenção, assinala que a associação “defende a livre concorrência e a prevenção de práticas que prejudiquem o mercado automotivo brasileiro, zelando pelos clientes, empregados, concessionários, fabricantes e indústria de autopeças”.
Embora o alvo principal da ação sejam carros de passeio fabricantes de caminhões, ônibus e máquinas agrícolas e rodoviárias também serão incluídas no processo. Quanto às marcas o maior interesse deverá recair sobre BYD e GWM por causa dos altos volumes de venda no mercado brasileiro impulsionados pela oferta de carros com tecnologia híbrida e elétrica.
Fábrica da GWM deverá abrir as portas ainda no primeiro semestre. Foto: Divulgação.
A BYD negou, em nota, qualquer prática de dumping na comercialização de veículos no Brasil “pois temos compromisso com a ética e a transparência em nossas práticas comerciais. Nosso foco está em oferecer produtos de qualidade e sustentáveis, alinhados às normas de mercado e legislações vigentes”.
A empresa está erguendo fábrica em Camaçari, BA, onde anteriormente operava a Ford, com previsão de inauguração ainda este ano. Segundo a BYD o local será o maior complexo industrial da companhia fora da China: “A BYD é, agora, uma empresa brasileira, dedicada a trazer inovação e produtos de alta qualidade para os consumidores”.
Em resposta à possível ação de investigação de dumping respondeu: “Estamos comprometidos com o desenvolvimento da indústria automotiva brasileira que, por décadas, foi deixado em segundo plano pelas montadoras tradicionais, que tentam de todas as formas utilizar artimanhas para esconder a falta de competitividade”.
A GWM informou, também por meio de nota, que vê a ação com tranquilidade: “Seguimos estritamente as regras internacionais e a legislação brasileira para comércio exterior”. A empresa afirmou, também, que está aumentando o ritmo de contratações no Brasil, sem dar pormenores, “visando ao início de produção dos seus primeiros carros eletrificados na fábrica de Iracemápolis, prevista para o primeiro semestre deste ano”.
A Abeifa disse não se manifestar por questões individuais de suas associadas e a ABVE ainda avaliava a possibilidade de se posicionar até o fechamento desta reportagem.