Unidade de Sabará, MG, em que até 40% da fabricação é dedicada à indústria automotiva, recebeu R$ 144 milhões para expansão
Sabará, MG – A ArcelorMittal inaugurou na sexta-feira, 14, a expansão de sua fábrica de Sabará, da qual de 30% a 40% da produção são dedicados ao setor automotivo e o restante para o ramo metal-mecânico. Os investimentos foram de R$ 144 milhões, valor que integra ciclo de investimentos de R$ 11,5 bilhões a serem injetados de 2021 a 2028 nas unidades do Estado.
O presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração para a América Latina, Jefferson de Paula, afirmou que com a expansão da usina o plano é reforçar o portfólio para o mercado de molas, amortecedores, parafusos, eixos, barras estabilizadoras e fixadores e que, no caso do setor automotivo, os novos produtos serão aplicados tanto em carros populares como em SUVs.
Segudo De Paula o ano passado foi marcado por forte expansão da indústria automotiva, apesar do cenário de juros e inflação em alta:
“A ArcellorMittal está no Brasil há mais de cem anos. Queremos continuar por pelo menos mais cem. A empresa acredita no desenvolvimento do Brasil, que tem um potencial enorme de crescimento. Precisamos de políticas públicas, acreditamos que temos tudo para crescer nos próximos dez, vinte, cinquenta anos. Este investimento estratégico, portanto, não foi feito pensando no curto, mas no médio e longo prazos”.
O investimento incluiu a construção de galpão para armazenagem de produtos acabados e a aquisição de dois equipamentos automatizados de trefilação vindos da Alemanha. O resultado dos aportes será a ampliação em 35% da capacidade produtiva para até 170 mil toneladas por ano – o que já está em vigor, uma vez que os testes foram iniciados em agosto.
O efetivo da unidade de Sabará, composto por trezentos profissionais, sendo 155 deles na linha de produção, foi ampliado em 25%.
Jefferson de Paula, presidente da ArcelorMittal, disse que o investimento está sendo feito pensando no médio e longo prazos. Foto: Divulgação.
A nova linha de trefilação de fio-máquina produz soluções de alto valor agregado para o setor automotivo e permite tanto a ampliação de portfólio como a redução do tempo necessário para a troca de peças e equipamentos dos maquinários. Ou seja: confere mais rapidez à operação.
A fábrica de Sabará é a responsável pela etapa de trefilação do processo produtivo. O minério de ferro é transformado em aço na usina de João Monlevade, MG, que consumirá R$ 3 bilhões dos R$ 11,5 bilhões até 2028 por causa da fabricação de aços especiais. De lá saem as bobinas de fio-máquina para serem transformadas em componentes do setor automotivo.
Para criar uma mola, ou um componente de amortecedor de veículo, o rolo é trefilado, cortado e na sistemista ou montadora é feito o desdobramento da mola. O carro-chefe de Sabará é composto por mola para a suspensão de veículos, aço de amortecedor, que é fornecido à Marelli, dentre outras, e haste para barra de direção, por exemplo, vendido para a Thyssenkrupp.
Além de abastecer o mercado interno a unidade exporta para países como Argentina, México, Canadá e Estados Unidos. A ArcelorMittal produz 42% de todo o aço do Brasil e possui operação em doze unidades distribuídas por oito estados. A fábrica de Sabará, até 2005 Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, é a mais antiga da empresa no Brasil, existente desde 1921.
Esta é uma das duas máquinas importadas da Alemanha, adquiridas para modernizar e expandir a produção de componentes para o setor. Foto: Soraia Abreu Pedrozo
Indústrias conversam com governo para derrubar taxa de 25% sobre o aço
De Paula, que também integra o Instituto Aço Brasil, contou que sobre o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar em 25% o aço brasileiro, já estão sendo realizadas reuniões com o governo federal, que está articulando a negociação:
“Acreditamos que será feito acordo, assim como em 2018, quando houve situação semelhante, e foram estabelecidas cotas que foram rigorosamente cumpridas. Os Estados Unidos importaram no ano passado 5,6 milhões de toneladas de placas de aço semi-acabado e nós exportamos para a Calvert, unidade da ArcelorMittal naquele país, 3,5 milhões de toneladas. Ou seja, eles precisam do nosso produto”.
Presente na cerimônia de inauguração o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, disse que tão importante quanto negociar a redução de taxas sobre o produto brasileiro é elevar a alíquota para o aço importado, e que já foi solicitado por associação de empresas produtoras de aço no País uma revisão quanto às tarifas de importação.
“O mundo todo tarifa o aço subsidiado da Ásia em 25%, mas aqui no Brasil entra com imposto muito menor. E ele é o mais sujo do mundo, que mais emite CO2, ao passo que o nosso é um dos mais limpos, uma vez que aqui usamos carvão vegetal e a eletricidade provém de energia renovável.”
Fábrica de Sabará, MG, é a mais antiga da ArcelorMittal no Brasil, inaugurada em 1921 como Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira. Foto: Soraia Abreu Pedrozo.