Pandemia e guerra na Ucrânia deixam fabricantes de veículos sem componentes e obrigam à revisão de conceitos
Este texto foi publicado na edição 388 da revista AutoData.
Em sua posse como novo presidente da Anfavea, no início de maio, Márcio de Lima Leite afirmou que uma das prioridades de sua gestão será trabalhar para preservar o parque nacional de fornecedores e atrair novos fabricantes de componentes ainda sem produção no Brasil, como é o caso de semicondutores e transmissões automáticas. O objetivo é tornar a indústria nacional mais competitiva e menos dependente de fornecedores instalados em outros países, para evitar paralisações de produção por falta de componentes como acontece no momento.
Ou seja: é uma correção de rota de uma indústria que se acostumou a direcionar compras de certos componentes para poucos fornecedores no mundo, em lugares onde eles são mais baratos. Essa forma de agir mostrou todos os seus riscos após a pandemia e, mais recentemente, com a guerra na Ucrânia, fatores que causaram sérios estremecimentos na logística global de suprimentos. O resultado prático é que hoje nenhum fabricante de veículos consegue produzir o suficiente para atender à demanda porque ninguém recebe componentes importados na quantidade necessária.
Seria, então, o fim da globalização? Não necessariamente, segundo consultores e compradores do setor, mas é fato que como está não dá para continuar. Não há como nacionalizar tudo, mas será necessário, no mínimo, redistribuir a cadeia de suprimentos.