As vendas internas de veículos de passeio e comerciais leves, no ano que vem, devem apresentar crescimento de 8% a 10%, de acordo com a Fenabrave. A projeção foi divulgada pelo vice-presidente Gláucio José Geara, durante o primeiro dia do Congresso AutoData Perspectivas 2018. Segundo Geara essa projeção deve se concretizar se não houver, mais, nenhum percalço na economia por causa da crise política.
“Os problemas políticos se descolaram da economia e temos que seguir com nossas vidas.”
Geara também apresentou as expectativas da Fenabrave para este ano, com números também positivos, apesar de serem ainda bastante distantes dos atingidos em 2012. Para veículos de passeio a Fenabrave estima vendas de 1 milhão 869 mil unidades, crescimento de 10,7% sobre 2016, e retração de 40% sobre 2012. Em comerciais leves o resultado deve ficar em 313 mil unidades, 5,3% a mais do que em 2016 e 41,2% inferior a 2012.
No segmento de caminhões as vendas deverão chegar a 49 mil unidades, retração de 2% sobre 2016, e as vendas de ônibus devem ficar em 14 mil veículos, aumento de 8% com relação a 2016.
Geara disse que “o mercado de caminhões voltou ao que era há dezoito anos, e o de ônibus retroagiu 22 anos”.
Para aumentar as vendas, Geara colocou o dedo na mesma ferida: maior problema ainda é o crédito: “De cada dez fichas enviadas para as financeiras apenas duas são aprovadas. E quando o assunto é motocicleta somente uma vai para a frente”.
Uma solução para este entrave é, segundo Geara, a adoção do cadastro positivo, pois “com isso o spread cai”. Outras condições para o aumento das vendas são, segundo Geara, a modernização da lei de desburocratização da retomada do bem: “Em outros países do mundo a retomada se dá em 2 horas”.
Debate – Os demais participantes do debate, Luiz Eduardo Guião, presidente da Assobrav, Carlos Spochiado, presidente da Abrac, e João Batista Saadi, presidente da Assobens, concordaram com Geara. Guião, da Assobrav, pontuou que as taxas de juros devem cair mais: “Todos os sinais são positivos. O fundo do poço já passou”.
E ainda disse que os concessionários fizeram a lição de casa e reduziram custos, cuidaram do caixa e tornaram as operações enxutas.
Além disso Guião conta com novidades na forma de novos produtos para reforçar as vendas no ano que vem: “Na Volkswagen contaremos com diversos novos produtos, a partir do novo Polo lançado no mês passado, e um novo SUV, o T-Cross, que chega no fim do ano”.
Carlos Spochiado, presidente da Abrac, destacou o esforço da marca Chevrolet na venda de serviços durante os anos de crise: “Focamos na qualidade do pós-vendas com sistema Premium de atendimento”.
E para atrair novos clientes e negócios Spochiado realçou o lançamento do Equinox, SUV premium que chega ao mercado ainda este ano, com motor 2.0 turbo de 262 cv “e preço bastante competitivo, R$ 149 mil 990”.
No segmento de caminhões e ônibus João Batista Saadi, presidente da Assobens, listou diversos fatores que justificam crescimento do mercado em 20% para 2018. O primeiro é a safra 2017-2018, que deverá chegar aos 250 milhões de toneladas – “Há dez anos a safra foi de 130 milhões de toneladas”.
Ele recordou que o Brasil conta com frota de 1,1 milhão de caminhões e que, se houver renovação de apenas 7% em 2018, isso representará vendas de mais de 70 mil unidades: “Faz três anos que os clientes não estão comprando e, assim, aposto muito em um mercado de pelo menos 65 mil unidades no ano que vem”.
Consumo – A tecnologia tem mudado as características de consumo da população, e compras online, veículos conectados e autônomos também foram tema de debate dos concessionários. Guião, da Assobrav, disse a entidade prepara missão técnica para o Vale do Silício, Califórnia, com todos os concessionários Volkswagen: “O objetivo é fazer uma imersão tecnológica para a rede ficar mais conectada”.
Segundo ele a rede VW estará preparada para elétricos e autônomos.
No caso da Abrac Spochiado contou que está contratando consultoria para avaliar as mudanças nas características de consumo pois tem a convicção de que “a rede vai mudar muito”. Lembrou-se do programa OnStar, da Chevrolet, que abriu diversos canais de comunicação da montadora com o consumidor e ampliou a conectividade dos veículos com os smartphones.
Tema polêmico do mundo dos distribuidores as vendas diretas não são, na opinião dos participantes do painel, um problema para as concessionárias: “O ponto final da entrega do veículo é a concessionária”, afirmou Gláucio José Geara, vice-presidente da Fenabrave, ao dizer que cada marca tem uma convenção com seus representantes a respeito.
Na opinião de Guião, da Assobrav, “as novas montadoras fizeram convenções de marca mais modernas com suas redes, e as mais antigas precisam se atualizar”. Já Saadi, da Assobens, acredita que “a Lei Ferrari é perfeita para a distribuição”.
Com a modernização dos veículos, eletrificação e automação as vendas de peças e serviços tendem a reduzir. Porém, na visão dos concessionários, como Guião, da Assobrav, isso não será um problema: “A visão de antigamente já não é a mesma. Antes vendíamos automóveis e o resto era um mal necessário, mas agora é um bom negócio”.
Spochiado, da Abrac, concordou: “Pós-vendas é tão importante quanto a venda de 0 KM. Hoje é o que salva”.
Foto: Maurício de Paiva
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