AutoData - Reação em ônibus só no ano que vem
Congresso AutoData 2018
10/10/2017

Reação em ônibus só no ano que vem

Imagem ilustrativa da notícia: Reação em ônibus só no ano que vem
Foto Jornalista  Alexandre Akashi

Alexandre Akashi

As vendas de ônibus no mercado brasileiro devem fechar o ano com números similares aos de 2016, quando foram comercializadas 11,2 mil unidades. Por isso Gilberto Vardânega, diretor comercial de ônibus da Volvo, classificou 2017 como “um ano perdido”. Já para 2018 executivos do setor que participaram do segundo dia do Congresso AutoData Perspectivas 2018 esperam resultados de 10% a 15% superiores.

Apesar da expectativa de crescimento de dois dígitos os participantes do painel, Gustavo Serizawa, gerente de marketing da Iveco Bus na América Latina, Walter Barbosa, diretor de vendas de ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, e Jorge Carrer, gerente executivo de vendas de ônibus da MAN, concordam com Vadânega, da Volvo. Para eles o mercado demonstra sinais de recuperação mas ainda está longe do ideal, como disse Serizawa: “Podemos até crescer dois dígitos no ano que vem, mas a base é muito fraca”.

De acordo com ele o número ideal de vendas anual varia de 18 mil a 22 mil unidades.

Desafios – Para aumentar as vendas os executivos listaram uma série de desafios que precisam ser superados. Um deles é a recuperação do poder de investimento das empresas de transporte de passageiros urbanos, que dependem do valor da tarifa para tornar as operações saudáveis. Segundo Barbosa, da Mercedes-Benz, “há um enorme desequilíbrio econômico e financeiro nos contratos de concessão que precisam ser resolvidos, e isso é obrigação do poder público”.

Carrer, da MAN, resgatou a ideia de que existe demanda reprimida na compra de ônibus por causa do aumento de custos operacionais que não foram repassados para a tarifa: “A troca de tecnologia para Euro 5, a inflação que chegou próxima de 10%, e outros fatores tornaram a operação mais cara, enquanto as tarifas foram congeladas”.

Outros desafios são a redução da taxa de desemprego, que atingiu índice acima de 12%, a instabilidade política e a falta de crédito. Para Carrer “existe um ciclo vicioso complicado, que afeta o sistema como um todo”.

No entanto o cenário é mais positivo do que negativo, na opinião dos executivos, uma vez que o panorama macroeconômico esboça sinas de retomada. Segundo Barbosa, da Mercedes-Benz, a lista conta com itens como crescimento do PIB, inflação sob controle, redução da taxa Selic, amadurecimento do Refrota, licitação dos contratos de concessão de São Paulo, renovação do mercado de ônibus rodoviários e consolidação do mercado escolar.

Mercado ideal – Se realmente os números de 2018 se concretizarem os executivos acreditam que em cinco, seis anos o mercado de ônibus no Brasil volte a patamar sustentável, que para Iveco, Mercedes-Benz e Volvo é de 20 mil veículos por ano, em média.

Um pouco mais otimista, Carrer, da MAN, acredita que o mercado pode chegar a 25 mil veículos por ano, em média: “Até temos espaço para 30 mil, porém 25 mil é um número razoável para nós”.

Para todos, no entanto, o importante é que o mercado reaja e volte a crescer de forma sustentável, sem artifícios que provoquem explosões repentinas de vendas.

Refrota – Lançado no final do ano passado como forma de ampliar as vendas de ônibus a linha de crédito Refrota, da Caixa Econômica Federal, não surtiu os efeitos desejados no início do ano. Com severas críticas ao operador financeiro os executivos das montadoras a vêem, agora, como uma solução.

Barbosa, da Mercedes-Benz, lembrou que no início do ano a taxa Selic era de 13% ao ano e que, “por inexperiência da Caixa no setor de transportes, o Refrota demorou para surtir efeito”.

Mais, acrescentou Vadânega, da Volvo: “Além disso o contexto negativo também influenciou”.

 

Foto: Maurício de Paiva