AutoData - Nissan desiste de terceiro turno em Resende
Montadora
13/02/2019

Nissan desiste de terceiro turno em Resende

Imagem ilustrativa da notícia: Nissan desiste de terceiro turno em Resende
Foto Jornalista  Marcos Rozen

Marcos Rozen

São Paulo – A crise no mercado automotivo argentino já fez pelo menos uma vítima clara no Brasil: a Nissan desistiu de abrir o terceiro turno de produção na unidade de Resende, RJ, neste 2019. O plano agora aponta, na melhor das hipóteses, para 2020.

 

Segundo o presidente Marco Silva em janeiro nenhum veículo foi enviado para o país vizinho, ação necessária para regular os estoques por lá: “Mas retomaremos os embarques neste fevereiro”.

 

A queda na Argentina, para onde a Nissan envia, daqui, Kicks, March e Versa, fará com que o ritmo atual, em dois turnos cheios, seja suficiente para atender a toda a demanda prevista, aqui e lá fora, abortando assim, pelo menos temporariamente, a necessidade do terceiro turno. Ainda assim a Nissan prevê aumentar em 15% suas exportações em 2019 ante 2018, graças ao primeiro ano cheio do Kicks na própria Argentina e ao início de embarques para Uruguai e Chile, o que deve ocorrer até o último trimestre — estes mercados já recebem March e Versa nacionais, que igualmente têm previsão de alta nos pedidos.

 

México – O presidente Silva demonstrou certa preocupação com a possibilidade de adoção do livre comércio automotivo do Brasil com o México já a partir do mês que vem. Para ele “se o Brasil quer crescer tem que abrir seu mercado, mas isso deve ocorrer gradualmente, até que se alcance condições igualitárias de competitividade”.

 

E hoje isso não é o que acontece, assegura: “Não só para a Nissan, mas para qualquer montadora, produzir no México é mais barato do que no Brasil, por uma questão de volume produtivo, que lá é bem maior. Assim, uma abertura simples agora pode causar desequilíbrio”.

 

Ele reconheceu que o acordo por cotas no comércio bilateral, com aumento gradual ano a ano até o livre comércio, tinha como objetivo justamente essa busca de competitividade comum, mas lembrou que “no meio do caminho tivemos uma crise e perdemos 1 milhão de unidades de volume produtivo, o que mudou todas as condições”.

 

A Nissan hoje importa do México o Sentra e não manda nada para lá.

 

Silva afirmou ainda que a Nissan hoje trabalha em um “projeto interessante para maximizar as potencialidades das três fábricas na América Latina” — Brasil, Argentina e México: “Nosso objetivo é promover a integração concreta e orquestrada destas três unidades.”

 

Essa ação envolveria tanto produção de modelos no Brasil para envio ao México e à Argentina quanto no México para abastecer Brasil e Argentina e, naturalmente, também na Argentina para atender México e Brasil. E, neste planejamento, a Nissan conta com “livre comércio ou algo muito próximo a essa condição”.

 

Foto: Divulgação.