São Paulo – Como indicavam todas as projeções divulgadas ao longo de 2019 as exportações de veículos produzidos no País, de fato, encerraram o ano em queda na comparação com 2018: o efeito Argentina levou a indústria nacional a exportar 32% menos, segundo dados da Anfavea divulgados na terça-feira, 7. Ao todo foram 428 mil 198 unidades embarcadas.
O resultado ficou um pouco acima das 420 mil unidades projetadas pela Anfavea para o ano – o único número positivo no balanço das exportações de veículos. O quadro negativo predomina nos indicadores e, mais grave, a expectativa da Anfavea é a de que haverá queda também no comparativo 2019-2020.
“A situação na Argentina é muito grave. Não houve nenhuma mudança significativa nos últimos meses e o atual governo, por ter acabado de assumir, ainda não mostrou qual caminho seguirá”, disse o presidente Luiz Carlos Moraes. “Há algumas iniciativas, mas nada que possa mudar o cenário no curto-prazo.”
Moraes deverá se reunir em breve com Gabriel López, o novo presidente da Adefa, sua contraparte na Argentina, para discutir, dentre outros temas, como governo e indústria argentinos pretendem se articular para injetar ânimo em seu mercado interno, que absorveu, até novembro, 49% das exportações brasileiras – em 2018, no mesmo período, constituía fatia de 71%.
Horizonte – De Buenos Aires a notícia que corre é a de que o governo estuda mecanismos para controlar a inflação e o câmbio, enquanto a indústria automotiva, em paralelo, traça meios para aumentar capacidade instalada como forma de atender eventual alta da demanda e gerar postos de trabalho.
Em dezembro houve um primeiro movimento: a nova equipe da Adefa se reuniu para tratar de um plano setorial, nos moldes do Rota 2030 brasileiro. A expectativa em torno do Plano Estratégico da Indústria Automotiva 2030, apresentado em 17 de dezembro, é audaciosa e configura boa notícia em meio a tantas ruins para o setor – caso se alcancem as metas estabelecidas.
A primeira delas é a de que sejam realizados investimentos nas fabricas que, somados, cheguem a US$ 22 bilhões, até 2030. Os aportes financiariam aumento da capacidade das atuais 330 mil unidades/ano para 1,8 milhões/ano, o que abriria, em tese, portas para a criação de novos postos de trabalho.
Com mais musculatura a indústria argentina acredita que elevará a participação do setor no PIB dos atuais 6,5% para 14%, afora suportar eventual aumento das exportações: querem alcançar, com os embarques, US$ 46 bilhões. Para efeito de comparação e grandeza as exportações renderam ao Brasil no ano passado US$ 9,7 bilhões.
Números – De janeiro a dezembro foram exportados 407 mil 510 veículos leves. O volume representa queda de 31,6% ante as exportações de 2018. As exportações de caminhões recuaram 45%, chegando a 13 mil 552 unidades, e as de ônibus somaram 7 mil 136 unidades, o que representou queda de 21,6% no mesmo período.
Foto: Divulgação.
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