AutoData - Exportação ao México cresceu 42% no primeiro ano de livre-comércio
Comércio Exterior
08/06/2020

Exportação ao México cresceu 42% no primeiro ano de livre-comércio

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Foto Jornalista Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

São Paulo – A balança comercial Brasil-México no setor automotivo terminou os primeiros doze meses em que foi regida pelos termos do livre-comércio com saldo positivo à indústria nacional. De acordo com os dados da Anfavea, de abril do ano passado a março deste ano foram exportados 75,8 mil veículos leves, volume 42% maior do que o embarcado nos doze meses anteriores, quando as relações ainda seguiam regras estabelecidas em acordo bilateral.

 

As importações de veículos produzidos naquele país, no entanto, caíram neste período marcado pelo livre-comércio. Desembarcaram no Brasil 47,1 mil veículos leves produzidos em fábricas instaladas no México, volume que representou retração de 42% sobre os doze meses anteriores. Com isso o saldo da balança comercial encerrou positivo aos veículos made in Brazil, com saldo de 28,7 mil unidades.

 

A situação nos dois mercados viveu momentos diferentes durante a pandemia. Enquanto no México as vendas internas seguem a tendência de queda e as fabricantes instaladas ali retomam produção que é majoritariamente destinada aos Estados Unidos, por aqui a indústria lida, depois de meses no azul, com os primeiros indicadores vermelhos nos licencimentos e expectativa de queda de 40% nas vendas no ano.

 

Apesar de parecerem correr em direções opostas, os dois países podem ter algo em comum no momento: um possível protecionismo comercial. Ao jornal Valor Econômico Lucas Ferraz, secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, disse que Brasil e México retomaram este ano negociações para um acordo com termos adicionais.

 

O Brasil, segundo o secretário, estaria disposto, novamente, a rever a parte que versa sobre a exigência de conteúdo local nos veículos e componentes: “Diminuir a regra de origem é objetivo do governo brasileiro, mas é muito mais para o México”. Os mexicanos têm dificuldade em cumprir esses índices porque sua indústria é mais integrada globalmente, utiliza mais componentes importados.

 

Os índices de conteúdo local podem retornar ao que eram antes caso as negociações sigam adiante, de 10% a 25%: “A contrapartida é que queremos exportar mais produtos para o México e chegar a um acordo de livre comércio ambicioso”.

 

Por ora o que há de novo é a inclusão dos veículos pesado na corrente comercial com o México. Segundo Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, a categoria passa a figurar na lista de exportações em regime de livre-comércio a partir de julho.

 

Sobre a importância do acordo para as montadoras o presidente da entidade disse que ele é importante ferramenta que dá previsibilidade, mas que as conversas em torno do comércio bilateral dependem dos volumes envolvidos:

 

"A gente valoriza muito o acordo com o México e a partir de julho ele também envolverá veículos pesados. O negócio nos dois os países depende de volume. O México não está passando pelo seu melhor momento mas não é porque o acordo é bom ou não, mas sim porque os mercados têm suas próprias dinâmicas”.

 

Foto: Divulgação.