São Paulo – O excedente de funcionários na operação global da Scania frente à demanda real de veículos comerciais terá reflexos na fábrica de São Bernardo do Campo, SP, de onde saem caminhões e chassis para o mercado brasileiro e exportação. À Agência AutoData a companhia afirmou que "planeja reavaliar suas estruturas, o que acarretará em redução da força de trabalho", e que está estudando com o Sistema Único de Representação, grupo que envolve sindicato dos metalúrgicos local e comissão de fábrica, "alternativas para atender às diretrizes estabelecidas pela matriz".
Ainda é incerto o número de funcionários que será reduzido na fábrica. A matriz divulgou no início do mês, considerando queda nos mercados e projeções de recuperação, cálculos que indicam um excedente de 5 mil funcionários em sua operação no mundo frente à demanda real por caminhões. Hoje a fábrica do ABC opera com quadro formado por 2,5 mil funcionários. Fontes ouvidas pela reportagem disseram que as primeiras demissões estariam planejadas para acontecer em agosto.
Com a redução das vendas no mercado interno e na Argentina, principal destino de exportação dos veículos montados no País, existe forte tendência de que haja redução das atividades nas montadoras o que pode dar início a franco processo de reestruturação das fábricas.
O engenhoso sistema descentralizado de exportações sob demanda que rege a produção da fábrica do ABC, que leva os caminhões além dos mercados regionais da América Latina – a unidade já abasteceu mercados como Rússia, África do Sul e Irã, por exemplo – blindou a operação brasileira das crises locais nos últimos anos.
No acumulado do ano até maio, indicam números da Anfavea, os licenciamentos de caminhões caíram 27% ante igual período em 2019, somando 27,6 mil unidades. No segmento de pesados, onde a empresa é concorrente importante, a queda foi de 28%, no segmento de semipesado, onde também atua, a retração foi de 12,5%. O mercado de ônibus, onde a empresa também mantém oferta, caiu 43%.
Nas exportações, de janeiro a maio, a retração dos embarques totais de caminhões foi de 27%, e as de ônibus, 58%.
Especificamente sobre o desempenho da Scania, no mercado interno, a empresa vendeu 2,6 mil unidades de caminhões, dentre pesados e semipesados, um volume 41,3% menor do que o registrado de janeiro a maio do ano passado. As vendas de ônibus caíram 30%, somando 165 unidades.
O quadro representa entrave às expectativas comerciais da companhia no Brasil. No ano passado esperava-se que um eventual PIB de 2,5% pavimentaria o caminho para o crescimento do mercado acima de 16 toneladas de 10% a 15%. O momento, no entanto, é de revisão.
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