São Paulo – A expectativa dos executivos que participaram do painel de veículos comerciais no Seminário AutoData Megatendências do Setor Automotivo na terça-feira, 30, a respeito do mercado de pesados em 2020 é de 75 mil unidades comercializadas. Destas, 65 mil caminhões, queda de 35% na comparação com 2019, e 10 mil ônibus, retração de 52%.
Ricardo Barion, vice-presidente de vendas e marketing da Iveco, e Ari Carvalho, diretor de vendas e marketing caminhões da Mercedes-Benz, fizeram a mesma aposta. "O cenário é complicado para projetar os próximos meses, mas acreditamos que o mercado continuará demandando, mesmo em ritmo menor do que o do primeiro trimestre", disse Barion.
Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da Volkswagen Caminhões e Ônibus, e Roberto Barral, vice-presidente de operações comerciais da Scania no Brasil, evitaram fazer projeções porque o Grupo Traton, controlador das duas empresas, possui capital aberto – mas revelaram que o número trabalhado internamente está alinhado com a Anfavea, que converge nos 75 mil veículos comerciais.
O executivo da Scania acredita que o mercado nacional poderá apresentar forte recuperação, a exemplo do que ocorreu em outros países, como a China: "Alguns setores que estavam completamente parados estão mostrando reação, como o químico e o de combustível, mas precisamos aguardar mais uns meses para ver como o mercado se comportará".
O recente anúncio do acordo de livre-comércio para caminhões e ônibus com o México, que começará a ser gradativamente ampliado até 2023, quando as tarifas cairão para zero, foi outro assunto debatido no painel. Segundo Alouche, da VWCO, há ainda um caminho até que as tarifas sejam zeradas, mas ressaltou alguns pontos positivos do acordo:
"Temos uma fábrica no México e o acordo abrirá boas oportunidades para aproveitarmos a produção dessa unidade para trazer novos produtos para o Brasil, assim como para exportarmos mais. Também poderemos agregar incremento na produção de nossos fornecedores nos dois países, mas sem esquecer que para aproveitar essas oportunidades haverá necessidade de alguns investimentos".
Para Carvalho, da Mercedes-Benz, o acordo abre uma boa oportunidade para a empresa, que já exporta volume considerável de ônibus para o México e que poderá aumentar seus embarques de caminhões: "Qualquer oportunidade de exportar mais quando o mercado interno está em queda é benéfica para a empresa e ajuda a trazer mais recursos durante a crise".
Foto: Reprodução.