São Paulo – É com “senso de urgência”, nas palavras do presidente Pablo Di Si, que andam as negociações da Volkswagen com os sindicatos que representam os trabalhadores de suas quatro fábricas no Brasil – São Bernardo do Campo, São Carlos e Taubaté, SP, e São José dos Pinhais, PR. O executivo disse a jornalistas na sexta-feira, 4, que pretende fechar esses acordos nas próximas semanas e reiterou que há um excedente de 35%, em média, nas unidades brasileiras.
“Como bem disse o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, esse movimento é inevitável. Estamos mantendo reuniões periódicas com os sindicatos, temos os nossos pontos, eles têm os deles, e precisamos chegar a um acordo com certa urgência. Os números falam por si só.”
Os números a que Di Si se referiu são os de produção da Volkswagen do Brasil: de janeiro a agosto as fábricas locais deixaram de produzir 146,4 mil automóveis e comerciais leves quando comparados com os registrados no mesmo período de 2019, queda de 44%. Segundo o presidente da Volkswagen é o equivalente à produção de uma fábrica em um ano.
“A indústria brasileira tem capacidade para fabricar 4,1 milhões de veículos e este ano chegará a cerca de 1,8 milhão. Está usando apenas 43% da capacidade. Estamos usando todas as ferramentas disponíveis, como férias, redução de jornada, lay off, mas o ajuste à nova demanda uma hora tem que chegar.”
Di Si afirmou que possivelmente serão adotados diversos processos, incluindo PDV, mas não entrou nos pormenores das conversas com os sindicatos. Garantiu, porém, que não há conversas envolvendo novos investimentos atreladas aos acordos: “Essa é uma negociação de sobrevivência. De buscar adequar a capacidade à demanda do mercado. Novos produtos são outro assunto”.
O ciclo atual de investimento de R$ 7 bilhões que se encerraria em dezembro foi esticado até junho de 2021. O carro do Projeto Tarek, a ser produzido na Argentina, será lançado apenas no ano que vem porque parte dos recursos foi alocada ao fluxo de caixa da companhia na região.
O presidente da Volkswagen admitiu, também, que possivelmente o mercado brasileiro feche 2020 com volume superior ao estimado pela Anfavea – que anunciou que revisará seus números: “Mas não muda a questão do longo prazo. Crescer 5% a mais, 5% a menos não resolve o problema da ociosidade”.
Foto: Christian Castanho.