São Paulo — A valorização do dólar trará mais oportunidades de negócios para as empresas fabricantes de autopeças nacionais no segmento de reposição, espera Carlos Carvalho, diretor geral de aftermarket da Eaton para a América do Sul. Ele acredita que esse aumento de negócios fará com que as empresas revejam sua estratégia de importação e comecem a dar mais preferência pelos itens nacionais, o que beneficiará a produção local.
Carvalho disse que esse segmento registrou forte recuperação a partir do segundo semestre, a curva em V, que deverá continuar até dezembro, puxada pela menor demanda por veículos zero quilômetro, que gerou alta pelos serviços de manutenção da frota circulante, e pelo baixo nível de estoque dos revendedores, que diante da demanda crescente tiveram que aumentar o volume de pedidos.
Com o mercado em expansão a Eaton está aproveitando para aumentar suas vendas em ritmo ainda maior do que o do mercado, segundo Carvalho, que projetou um cenário positivo até dezembro: "O faturamento já está acima do registrado no mesmo mês do ano passado e, com essa forte retomada, a expectativa é crescermos um dígito alto na comparação com 2019".
Já o fornecimento para as montadoras vive momento diferente: mesmo em recuperação, a curva da retomada é mais lenta, na opinião de Marcos Janasi, diretor geral de automóveis e picapes da Eaton: "Registramos uma retomada mais forte no segmento agrícola, seguido pelo dos pesados, que também é influenciado pelo agronegócio. No segmento leve notamos ritmo ainda mais lento e no fechamento do ano será o que mais cairá".
Janasi fez as seguintes projeções para o fechamento do ano: recuo de 10% a 12% no fornecimento de peças para o segmento agrícola, queda de 22% a 26% no segmento pesado e, no segmento leve, retração de 28% a 32%. O motivo desse recuo é a pandemia da covid-19, que levou a indústria a paralisar sua produção durante o segundo trimestre do ano, um volume perdido que não será recuperado.
Para 2021 a projeção da Eaton é de crescimento de dois dígitos no aftermarket enquanto o mercado continuará em expansão, mas talvez não no mesmo ritmo que em 2020: "Essa é a nossa expectativa, mas existem alguns pontos de atenção, como o fim da pandemia e do isolamento social. Também será necessário avaliar o ritmo do setor quando tudo isso acabar", avalia Carvalho.
No fornecimento para montadoras a projeção também é de crescimento de dois dígitos, ficando acima da alta do mercado. Para Janasi o Brasil apresenta índices setoriais e macroeconômicos que animam a companhia para 2021, assim como uma série de lançamentos importantes que serão realizados e deverão impulsionar os seus negócios.
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