São Paulo – No dia em que completou 64 anos de Brasil, na segunda-feira, 28, a Mercedes-Benz inaugurou em São Bernardo do Campo, SP, sua primeira linha de produção de chassis de ônibus baseada no conceito de Indústria 4.0. R$ 107 milhões, do ciclo de R$ 2,4 bilhões de 2018 a 2022, foram aplicados no chão-de-fábrica, que é o primeiro dedicado a ônibus, no Brasil e no Grupo Daimler, a dispor das novas tecnologias.
“Desde 2018 inauguramos a produção de caminhões 4.0, depois cabines 4.0 e agora ônibus 4.0”, disse Karl Deppen, presidente para o Brasil. “Assim esperamos ser mais competitivos não só no Brasil mas também nos mercados para onde exportamos na América Latina, África e Ásia.”
Não vai parar por aí: os trabalhos de conversão para a Indústria 4.0 seguem agora na produção de agregados, como motores e câmbios.
Assim como em caminhões e cabines a produção de chassis conta com o apoio dos AGVs, robôs que transportam o produto na linha, e dos EOM, robôs que fazem o transporte aéreo. Elevadores automáticos, células robotizadas, apertadeiras eletrônicas e conexão com wi-fi são outras novidades.
Como é alta a complexidade de chassis – mais de 2 mil variantes, como micro, rodoviários e urbanos articulados e biarticulados – foi adotado o conceito de linha em formato de Y, onde se separam dependendo do tipo de chassi: os urbanos, por exemplo, que são parafusados, precisam de uma inversão para a montagem, que é feita de maneira robotizada.
O sistema garante melhor ergonomia aos quase setecentos funcionários da fábrica, que opera, atualmente, em um turno, segundo o diretor geral de ônibus, Sérgio Magalhães: “As tecnologias permitem uma redução de 12% no tempo de produção, um ganho de 20% de eficiência logística e que 45% das peças sejam entregues de forma direta”.
Na logística interna a grade mudança foi a melhoria dos armazéns: os mais de oito foram transformados em dois hubs logísticos, integrados à linha de montagem e próximos aos centros de produção. O estoque foi reduzido também: as peças ficam, agora, cinco dias em média, ante os sete dias da fase anterior.
A digitalização das linhas também merece destaque. As equipes de vendas conseguem acompanhar, por meio de aplicativo, o status de produção de cada chassi vendido. Segundo Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing de ônibus, essa possibilidade permite aos clientes se programar melhor.
Foi digitalizado também o desenvolvimento do projeto da fábrica, que foi reformada sem interromper a produção de chassis, de acordo com Magalhães: “A linha foi projetada em softwares de simulação e 3D, e testada nesse ambiente virtual. Assim conseguimos trocar o pneu com o veículo rodando”.
As tecnologias geraram ganhos ao meio ambiente também: a adoção de lâmpadas em LED em toda a linha, por exemplo, reduziu em 67% o consumo de energia elétrica. A digitalização reduziu a quase zero o consumo de papéis na linha – eram mais de 1 milhão de folhas por ano.
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