São Paulo – Tão logo a pandemia mostrou seus primeiros efeitos na cadeia automotiva, com redução nas compras dos consumidores e fechamento de fábricas ao redor do mundo, a diretoria da Iochpe-Maxion tomou a decisão de priorizar a liquidez e a saúde do caixa. Com faturamento menor, por causa da queda de demanda global, a ordem foi reduzir alguns investimentos: postergar aqueles de aumento de capacidade, alongar prazos de projetos de expansão, dentre outros. Mas não em desenvolvimento de produtos: estes deveriam continuar, sinalizou o presidente Marcos de Oliveira.
Na visão da companhia a inovação é a base principal para o crescimento sustentável nos anos que estão por vir. Suas duas divisões, Maxion Wheels e Maxion Structural Components, trabalham em novos materiais, novos produtos e parcerias com startups, clientes e fornecedores para estarem sempre prontas para as demandas. E elas continuaram surgindo, mesmo na pandemia.
“Ganhamos novos contratos durante esse período difícil, o que sinaliza a confiança que têm na nossa empresa”, disse Oliveira a jornalistas em teleconferência na terça-feira, 24. “Seguimos investindo para atender estes novos programas: desenvolver ferramentaria, comprar maquinário.”
Ainda que reduzidos os investimentos somaram R$ 264 milhões de janeiro a setembro, de acordo com o presidente. No terceiro trimestre foram 64% inferiores aos do mesmo período de 2019, desacelerados para ajudar a reforçar o caixa da Iochpe-Maxion – que fechou com R$ 1,6 bilhão no fim do terceiro trimestre, R$ 249 milhões acima do volume do trimestre anterior.
Por causa da decisão em reduzir investimentos projetos importantes, como a nova fábrica na China em parceria com a Dongfeng, foram atrasados: a inauguração agora está prevista para o fim do ano que vem, disse Elcio Mitsuhiro Ito, diretor financeiro da Iochpe-Maxion: “A produção deverá se desenvolver ao longo de 2022. A fábrica fica muito próxima a Wuhan [cidade chinesa que originou o novo coronavírus], outra razão para o atraso”.
Na Índia, onde inaugurou fábrica com capacidade para 2 milhões de rodas/ano, o ritmo de aceleração foi reduzido.
Por sua presença forte internacional – em torno de 75% da receita vem de fora do Brasil – a Iochpe-Maxion atravessa com mais tranquilidade a oscilação cambial. É até, de certa forma, benéfico ao caixa da companhia a desvalorização do real, pois a maior parte de seu faturamento é em moeda forte. Abre também, segundo Marcos de Oliveira, oportunidades de exportação: recentemente fechou acordo nos Estados Unidos para fornecer rodas para trailers.
As medidas do governo para preservar o emprego ajudaram também a Iochpe-Maxion a segurar a força de trabalho, embora, globalmente, tenha reduzido em 8% seu quadro pessoal, de acordo com o presidente: “Aqui fizemos ajustes mínimos. Usamos os programas de redução de jornada e salário criados pelo governo. E não só aqui: também em outros mercados onde foram criados. Mas em alguns países não tivemos isso e foi preciso reduzir o quadro”.
A receita nos primeiros nove meses somou R$ 5,9 bilhões, redução de 23% com relação ao mesmo período de 2019. A Iochpe-Maxion não faz projeções mas a tendência é que o porcentual de queda seja reduzido no fim do ano, uma vez que os negócios em todas as regiões estão melhores no quarto trimestre.
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