São Paulo – A proposta apresentada pela Ford a seus trabalhadores de Camaçari, BA, não agradou a direção do Sindicato dos Metalúrgicos local. Segundo porta-voz da área de comunicação da entidade os valores de indenização oferecidos variam de R$ 50 mil a R$ 80 mil, dependendo do tempo de casa e de cargo. Ele comparou a um PDV, Programa de Demissão Voluntária, aberto pela companhia no ano passado que oferecia até R$ 93 mil por funcionários, superior, portanto à proposta.
Isso mostra, segundo o sindicato, que a proposta “está fora da realidade”. E é o ponto principal a travar o andamento da negociação em Camaçari. Os trabalhadores usam como argumento, ainda, um contrato de estabilidade até 2023 assinado pela Ford e Sindicato, que incluía PLR e condições financeiras superiores à última proposta da companhia, assim como manutenção da produção e dos postos de trabalho.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari enquanto o valor de indenização não for definido as negociações não prosseguirão. Ao menos na fábrica baiana nem os funcionários da manutenção estão entrando na unidade. A Ford não comentou o assunto até a publicação desta reportagem.
Em paralelo às negociações o sindicato iniciou uma busca por outras montadoras que tenham interesse em ocupar a estrutura que a Ford deixará, bem como a mão-de-obra experiente, especializada e qualificada oferecida na região. Estas foram as virtudes apresentadas por comitiva formada pelo governador da Bahia, Rui Costa, pelo presidente do sindicato, Júlio Bonfim, e por técnicos do Estado durante reuniões em três embaixadas em Brasília, DF, na semana passada.
A primeira conversa foi com o embaixador da Índia, Suresh K. Reddy, mirando a operação da Jaguar Land Rover no Brasil, que é controlada pela indiana Tata Motors. Depois houve reunião com o embaixador do Japão, Akira Yamada, país que possui grandes empresas operando por aqui, caso de Honda, Nissan e Toyota.
O terceiro encontro foi com Kim Chan-Woo, embaixador da Coreia do Sul.
Foram reuniões relevantes, afirmou Bonfim: "As reuniões foram muito importantes para que a gente possa atrair interessados em se instalar e investir em Camaçari, recuperando os milhares de empregos deixados pelo Complexo Ford. Temos estrutura e trabalhadores com toda a experiência e o conhecimento da indústria automotiva”.
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