São Paulo – Carlos Tavares saiu bastante contente de sua primeira visita ao Brasil como CEO da novíssima Stellantis. Não apenas com o potencial que a região oferece para as marcas do grupo mas, também, com o trabalho realizado até aqui pelo COO para a América Latina, Antonio Filosa. Tavares inaugurou a fábrica de motores GSE Turbo em Betim, MG, e conheceu a fábrica de Goiana, PE, considerada uma das mais modernas da Stellantis.
Sempre que teve oportunidade Tavares elogiou as pessoas da sua organização reafirmando que a Stellantis é feita por gente capacitada, envolvida e motivada com os objetivos do grupo. Para ele esse é um dos diferenciais dessa nova empresa. Sobre o Brasil disse algumas vezes que “a equipe da região está fazendo um trabalho fantástico” e que “a qualidade dos produtos é um bom sinal para as fábricas no País”.
Isso quer dizer que as estruturas de engenharia, design e outras áreas, aqui no Brasil e na Argentina, formam o segundo diferencial competitivo da Stellantis: há material humano especializado, equipamentos e tecnologias sendo desenvolvidas para impulsionar a produtividade das fábricas, tanto aquelas com baixa quanto as com alta ociosidade:
"As fábricas não estão ligadas a uma só marca. A estratégia industrial diz respeito a plataformas e processos que vamos utilizar para modelos que serão feitos nessa mesma plataforma. As fábricas produzirão qualquer marca desde que haja essa lógica industrial”.
Além de dizer novamente que não está no horizonte a possibilidade de fechar fábricas no País, Carlos Tavares elogiou pontualmente Filosa [que estava presente na coletiva de imprensa, mantendo distância e separado por uma proteção acrílica dos demais] pelas oportunidades de sinergias apresentadas pelo COO ao board da Stellantis: “O plano superou a expectativa de quem estava em Paris e Turim. Quando se vê as coisas de perto há mais oportunidades para melhorar”.
A própria fábrica de motores inaugurada esta semana em Betim é um exemplo de sinergia óbvia para Tavares. Com capacidade inicial de 100 mil motores/ano “esse volume superior, concentrado em uma só unidade, será capaz de atender todas as marcas”. É de se esperar que além dos modelos Fiat e Jeep os veículos Citroën e Peugeot nacionais possam utilizar os propulsores T3 1.0 e T4 1.3.
Com quase 30% de participação de mercado na região considerando as catorze marcas do grupo Tavares brincou com seu otimismo porque ainda há “70% do mercado para ocupar”. E se diz confiante que os lançamentos que estão na fila deixarão o portfólio da Stellantis ainda mais forte: “Teremos três novos produtos ainda este ano”.
Mesmo sem apresentar projeções de vendas sobre o curto prazo a avaliação é de que o trimestre possa estar comprometido e uma recuperação mais robusta virá a partir do segundo semestre de 2021: “A velocidade dessa recuperação é uma incógnita. Além da questão sanitária estar relacionada com a taxa de vacinação, temos outras preocupações no cenário da América do Sul”.
A volatilidade dos mercados é apontada como uma das suas preocupações permanentes. Mas as pessoas que estão por aqui já aprenderam a lidar com essa volatilidade em outros momentos, o que pode ser classificado como mais uma vantagem: "A combinação das oportunidades de mercado com a volatilidade sempre pode gerar melhoria dos negócios. E esse é um potencial que não pode ser desprezado na América Latina”.
Fotos: Leo Lara/Divulgação