São Paulo – As reuniões dos executivos das montadoras brasileiras com as diretorias de suas matrizes estão cada vez mais complexas por causa da situação fiscal, econômica e política do País. Segundo Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, as matrizes estão “assustadas” com o ambiente político e econômico do Brasil e as negociações dos executivos para investimentos, seja manutenção ou atração de novos planos, ficaram mais complicadas.
“É difícil explicar tanta confusão com coisas básicas, como é essa questão da aprovação do orçamento. Há ruídos desnecessários, muita insegurança jurídica, toda e qualquer discussão vai para o Supremo Tribunal Federal. O pessoal de Brasília precisa ter bastante juízo: a indústria teve um bom trimestre, aceitável considerando o contexto da pandemia, mas o olhar à frente preocupa. A defesa dos investimentos ficou mais difícil.”
Moraes fez críticas ao governo federal e ao Congresso na quarta-feira, 7, durante coletiva virtual de divulgação dos resultados da indústria automotiva de março e do primeiro trimestre. Segundo ele as discussões sobre o orçamento não estão adequadas e o Congresso, assim como o Executivo, “está pensando nas eleições de 2022 e não em como fechar o ano, em como cuidar da população, em como cuidar das empresas e em como cuidar do emprego”.
O presidente da Anfavea reclamou da demora na prorrogação das medidas que colaboraram para manter o emprego e a renda dos trabalhadores no ano passado, que permitiram suspender e reduzir a jornada de trabalho. Desde dezembro as regras estão em discussão e não avançaram, mesmo com o recrudescimento da pandemia: “Não se percebe, em Brasília, a gravidade da negociação. Ou, se perceberam, demoram demais para agir”.
Para o executivo a prioridade dos governantes tem de ser com a sociedade. Ele considera a situação, com a piora da pandemia, gravíssima e o atraso na vacinação gerará efeitos negativos no PIB e pode piorar a já deteriorada situação do desemprego: “O Brasil está deixando os brasileiros para trás. Falta comida para a população em um País que é um dos maiores produtores de alimento no mundo”.
As eleições de 2022, que segundo Moraes têm guiado as discussões em Brasília, DF, ainda estão muito longe, na sua opinião: “Precisamos antes nos focar em pagar a conta deste ano”.
Foto: Christian Castanho.