São Paulo – O governo do Ceará afirma que a Ford pretende até o fim do mês encontrar um desfecho para a fábrica que mantém em Horizonte, CE, onde produz modelos da marca Troller. Negociam com a montadora, por ora, três grupos econômicos interessados em adquirir a operação, sendo dois fundos de investimento e uma empresa de engenharia automotiva sediada em São Paulo – este o mais cotado a sair comprador.
Os nomes não foram revelados por Francisco Queiroz Maia Júnior, secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceara, que concedeu entrevista à Agência AutoData na segunda-feira, 7. Esta última interessada, segundo ele, manteve na semana passada tratativas com gente do governo a respeito da negociação em curso, da qual o governo é mediador, e também sobre incentivos fiscais.
"Nossa ideia é que a empresa que venha a assumir a unidade mantenha a produção de veículos, os empregos, e a possibilidade de produção de novos veículos. Os benefícios fiscais concedidos à Ford em 2014 serão estendidos nos mesmos moldes àqueles que venham a comprar a Troller."
Desta empresa de engenharia o governo estadual teria recebido projeto compatível com suas pretensões no caso de novos produtos para a fábrica de Horizonte: há intenções, segundo Maia Júnior, de que afora a gama de veículos Troller também sejam fabricados veículos elétricos e componentes correlatos.
O que se sabe desta empresa oculta é que ela mantém em seus quadros ex-diretores da Ford e, no mercado, oferece baterias veiculares. A compra da fábrica instalada no Ceará faria parte de planejamento de expansão dos negócios para o ramo da montagem de veículos movidos a combustíveis alternativos.
Representantes dessa empresa sediada em São Paulo também tiveram na semana passada reunião com executivos do Banco do Nordeste no sentido de articular engenharia financeira para concretizar o negócio no Estado. A entidade tem a União com seu acionista majoritário.
O grupo econômico que vier a assumir a Troller deverá ser contemplado com os benefícios fiscais concedidos pelo Regime Automotivo do Nordeste, afora aqueles que, segundo o secretário do desenvolvimento, o Estado do Ceará se comprometeu a conceder. De todas as empresas com fábrica de veículos instalada na região apenas a Ford não protocolou um novo projeto em agosto do ano passado para que sua operação seguisse enquadrada dentro das diretrizes do regime regional.
Também pudera: não havia projeto. A empresa viria meses depois a anunciar o fim da sua produção local de veículos, que incluiu, além da fábrica de Horizonte, a unidade instalada em Camaçari, BA, onde eram produzidos os modelos Ford EcoSport e Ka.
O principal incentivo do Regime Automotivo do Nordeste é o crédito presumido sobre desconto de 32% no IPI, o Imposto sobre Produtos Industrializados. Nos anos seguintes à criação da lei, em 1997, os regimes sofreram atualizações, sobretudo durante o período de vigência. O último período vencerá em dezembro, mas foi prorrogado para 2025 pela lei que constituiu o Rota 2030, em 2018.
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