São Paulo – A Honda passa por um período de transformação dos seus negócios e de reorganização global. Foi apresentado nesta semana o líder que conduzirá a estratégia não só no Brasil, mas na região: é Atsushi Fujimoto, 58, que acumulará a presidência da Honda no Brasil, na América do Sul e, também, da Moto Honda da Amazônia.
Na primeira conversa com jornalistas brasileiros ficou evidente o já conhecido conservadorismo das estratégias da Honda por aqui, mas novidades como maior conectividade dos produtos, além de incremento dos sistemas de segurança e um tímido movimento em direção à eletrificação foram confirmados para a próxima geração de veículos nacionais.
“Desde 1° de abril, quando assumi as funções na América Sul, estamos trabalhando com as prioridades da estratégia global: meio ambiente e segurança. Vamos trazer três veículos híbridos até 2023 e incorporar nas novas gerações dos produtos feitos aqui mais conectividade e o pacote de segurança Honda Sensing, que já está disponível no Accord e no CR-V”.
O executivo japonês chega após passagem pela presidência de operações da Honda na China, Malásia e Tailândia e terá o ex-presidente Issao Mizoguchi na função de conselheiro executivo, dando suporte às ações de Fujimoto. “É minha primeira vez na América do Sul, uma região tão importante quanto a Ásia”.
A Honda mantém o posicionamento de avaliar seus negócios no longo prazo e ajustar as estratégias mesmo em mercados com altos e baixos, como é frequente na América do Sul. Fujimoto reconhece que a pandemia causa um forte impacto no ambiente de negócios do setor automotivo acelerando uma reorganização global com o fechamento de algumas operações, como no Reino Unido e na Argentina.
As paradas de produção por falta de componentes e uma demanda aquecida acompanhada de falta de produtos não mudarão os planos no Brasil. O próprio Fujimoto reconhece que a Honda é “um pouco conservadora” para seguir aumentando sua participação no mercado.
Sem grandes ambições no momento, o executivo avalia que as operações produtivas em Itirapina e Sumaré, SP, serão suficientes para os planos de renovação do portfólio nacional.
“Neste momento manteremos mix de produção para o mercado interno e exportação. E vamos continuar com os planos de investimento em áreas importantes para o Brasil. Não podemos falar sobre eles agora, mas serão nas três áreas já mencionadas: meio ambiente, segurança e conectividade.”
A capacidade produtiva da Honda no Brasil, de 240 mil unidades ao ano somadas as duas fábricas, nunca foi utilizada. Um sinal de que está a caminho uma transformação na oferta de veículos nacionais é a nova geração do Civic recém-apresentada globalmente. Esse novo sedã, produzido nos Estados Unidos, terá nova plataforma, o que poderá tornar inviável sua fabricação por aqui.
Este pode ser o primeiro movimento de renovação dos produtos Honda nacional. E outros, ainda guardados a sete chaves, virão durante a liderança de Atsushi Fujimoto, que nesse primeiro e rápido contato, procurou enfatizar que seguirá a cartilha global, ou seja, incrementar a conectividade dos produtos e torná-los mais seguros e eficientes.
Mas não se espera que isso resulte em ganhos de mercado. A conservadora montadora japonesa continua igual.
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