São Paulo – Representantes de diversos setores industriais compareceram, na semana passada, a uma reunião convocada pelo Ministério de Minas e Energia. O objetivo, segundo relatou uma fonte à Agência AutoData, era acalmar os empresários e garantir o abastecimento de eletricidade às fábricas instaladas no Brasil: com os reservatórios baixos por causa da falta de chuva em algumas regiões havia o temor de apagões ou racionamento de energia.
Segundo interlocutores os representantes do ministério apresentaram como garantias dados da matriz energética do Brasil, hoje mais diversificada, com mais fontes térmicas e renováveis e menos dependente da fonte hídrica, embora esta seja ainda majoritária dentro do mix de geração de eletricidade. Há um plano do governo para reduzir o risco de apagão, relatou uma fonte: a tarifa. A ideia é que haja menor consumo da eletricidade no País por meio de aumento de preços na conta de luz. O consumo menor, no caso, se ajustaria ao nível da oferta do insumo disponível por ora no sistema nacional.
Os representantes do setor automotivo, porém, saíram da reunião com a sensação de que passa longe da tranquilidade o quadro exposto pelo governo federal. Uma fonte confidenciou que "é interessante saber que há um plano, que existe um trabalho em andamento para que não haja problemas de abastecimento. Por outro lado não temos garantias de que justamente no momento de retomada da economia haverá energia para as fábricas, e isso preocupa".
De acordo com Gustavo Carvalho, consultor da Thymos Energia, os riscos de racionamento de energia, por enquanto, são baixos, uma vez que a capacidade instalada tem condições de atender à atual demanda do País. Entretanto, disse o consultor, há risco de blecaute:
"A matriz renovável é uma fonte de energia intermitente, ou seja, pode não fazer sol num parque solar, pode não ventar em uma região de usinas eólicas. Eventualmente, caso haja um pico de demanda em um dia específico de baixa produção de energia nesses locais, pode ser que haja blecautes pontuais no País que afete a produção industrial".
Com a chegada do período de estiagem os reservatórios de água que concentram algumas das principais hidrelétricas sofrem esvaziamento, o que torna a produção energética mais complexa e cara. Segundo o ONS, o Operador Nacional do Sistema Elétrico, a escassez de chuvas no País para a geração de energia é a pior em 91 anos.
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