São Paulo – Dentro da Stellantis a América do Sul não é a principal região em termos de volume. Sequer é a mais lucrativa, embora tenha, no primeiro ano de existência da companhia criada a partir da fusão da FCA com a PSA, entregue resultados positivos à matriz. Mas, segundo o CEO global Carlos Tavares, é tida pela diretoria como um exemplo pelo protagonismo que as marcas desempenham nela:
“Olhamos para a América do Sul e vemos a campeã, a número 1. E, como nós gostamos de competir, acaba sendo um exemplo a ser seguido pelas outras regiões”.
Carlos Tavares
A Stellantis é a maior montadora do continente, respondendo por quase um quarto das vendas na região. Por marcas também lidera, com a Fiat. No ano passado lucrou € 882 milhões, com 8,3% de margem. Merece tratamento especial, também, com relação à eletrificação: aqui haverá a transição com o híbrido flex, já em desenvolvimento pela engenharia.
Segundo Tavares é possível, ainda, melhorar: “Tenho prazer em vir aqui e discutir os planos com a equipe, que é uma equipe campeã. Mas sempre é possível melhorar o desempenho. A região é capaz de gerar lucros maiores, no patamar da Europa”.
O bom desempenho financeiro global da Stellantis foi tema de conversa que Tavares teve com jornalistas, ainda por meio de videoconferência, na quinta-feira, 17. Segundo o CEO a companhia provou que é capaz de lucrar mesmo com volumes baixos de vendas, que são reflexo da crise de abastecimento de semicondutores.
“É frustrante produzir 6 milhões de veículos quando temos potencial para entregar 8 milhões de unidades em um ano, por causa de falta de peças. Está claro que poderíamos ter resultados financeiros excepcionais não fosse essa crise. O resultado foi bom, fruto de muito esforço, mas poderia ter sido ainda melhor.”
O CEO da Stellantis disse não esperar solução da crise de abastecimento de chips em 2022. Ele acredita em cenário semelhante ao do ano passado, ainda com muita falta de semicondutores. Segundo o executivo ficou claro que a Ásia não consegue suprir toda a demanda da indústria, ainda mais diante de uma transformação para os elétricos, que consumirão ainda mais chips.
“O Ocidente está se preparando. Europa e Estados Unidos já têm investimentos programados em produção de semicondutores, mas é algo que só será realidade de três a cinco anos.”
A guerra com a Ucrânia é outro ponto de atenção citado por Tavares, que disse ainda não ter sentido impacto nos negócios da companhia, embora lamente as consequências humanitárias.
Na região Tavares destacou o planejamento de superar, neste ou no ano que vem, a Toyota em volume de exportações de veículos na Argentina — hoje a Toyota é a principal exportadora do país. E disse que, até 2030, 20% das vendas de veículos Stellantis, no Brasil, será de veículos eletrificados.