Criciúma – A Librelato iniciará 2022 com ofensiva de lançamentos de produtos mais leves e que, portanto, prometem menor consumo de combustível. Aliada à expansão de lojas e a novo formato de boxes de atendimento a aposta é a base para faturar 35% mais no ano que vem, a partir de receita esperada de R$ 1,8 bilhão para 2021. Isto apesar das projeções nada animadoras para o PIB: de acordo com o Boletim Focus divulgado na segunda-feira, 22, a geração de riquezas do País deve crescer apenas 0,7%, metade do que era esperado um mês atrás.
Para o CEO da Librelato, José Carlos Sprícigo, os desafios estão lançados e as incertezas são inevitáveis, mas as perspectivas para o segmento de caminhões são boas, segundo ele, com expectativa de crescimento, uma vez que "há fabricantes com carteiras de pedidos já chegando em setembro" – setembro do ano que vem! E os implementos seguem na esteira dos pesados:
“Das variantes negativas do mercado temos a inflação, mas a projeção é a de que ela comece a cair em março, pois a alta dos juros já estará inibindo o aumento dos preços. Com isso teremos uma dificuldade para financiar os veículos, mas os bancos de montadoras poderão ajudar com taxas mais atrativas”.
Sprícigo também mencionou que a demanda da construção civil segue aquecida, o que deve continuar estimulando obras de infraestrutura, e que num cenário em que a conta de luz vem apresentando valores em crescimento a energia eólica vem ganhando espaço, o que estimula a necessidade por caçambas para o transporte. Adicionalmente o e-commerce, tendência que ganhou fôlego na pandemia, deve se estabelecer e ampliar a distribuição de produtos em localidades cada vez mais distantes e com volumes maiores.
“E o agronegócio vem forte para 2022. Mesmo que tenha havido queda no preço da saca da soja, que era R$ 70, foi para R$ 180 e agora tem preço futuro de R$ 140, ainda dá para ganhar bastante dinheiro.”
O segmento responde por mais de 60% das operações.
O câmbio ajuda nessa equação, com projeções de manutenção em R$ 5,50, apesar de manter os preços internos em alta. Vendo pelo outro lado da moeda pesa no caixa da empresa a disparada do frete diante da escassez de contêineres, que de US$ 2 mil passou aos US$ 10 mil. A divisa estadunidense também eleva a cotação do aço. E, de acordo com o diretor comercial da Librelato, Sílvio Campos, “é praticamente impossível repassar 100% estando na última etapa da cadeia”. Ele contou que houve incremento de 40% nos custos, e que o repasse girou em torno de 30%.
O gargalo gerado pela dificuldade na obtenção da borracha vinda da Malásia, que sofre com a terceira onda da Covid, mesmo motivo que contribui para a redução da oferta de semicondutores, reduz, ainda, a disponibilidade de pneus. O problema deve persistir até meados do ano que vem, até que a oferta se regularize.
Mesmo com os percalços Campos citou que, hoje, um de cada quatro graneleiros que circulam pelas estradas brasileiras são Librelato. No caso dos basculantes a participação chega a 17% mas para o ano que vem o objetivo é atingir 20%: “Temos quatro linhas produzidas sobre o mesmo módulo. O desenho é o mesmo, o chassi é o mesmo. Podemos apenas trocar o revestimento e deixá-lo mais leve. Isso nos dá agilidade”.
Para driblar as dificuldades inerentes ao contexto econômico a companhia de Içara, SC, diminuiu consideravelmente o peso dos implementos, reduzido em até 400 quilos, caso dos basculantes, especificamente do novo rodotrem. Com isso o consumo de combustível recua em 2%.
Desde 2019 a empresa mantém parceria com a CBMM para o fornecimento de nióbio, elemento que deixa o produto mais leve e resistente, afirmou Fábio Tronca, gerente de engenharia do produto e pós-vendas. A nova geração de graneleiros ganhou eixos mais largos, o que, segundo ele, proporciona maior segurança e ganho de 5% na estabilidade: “Os novos designs também contribuem para o melhor desempenho na estrada”.
Outra novidade é a câmara de ré que funciona wireless: o motorista acompanha os movimentos por meio do seu próprio celular. A boa notícia é que ele não dependerá da internet de seu aparelho, pois o equipamento oferece rede exclusiva. Ele é vendido como opcional mas a partir do ano que vem sairá de fábrica nas novas famílias.
A empresa também tem planos de dobrar para trinta o número de suas lojas físicas Libreparts, que vendem peças de reposição certificadas e originais, no ano que vem. E acaba de lançar o formato de boxes em contêineres, que serão instalados em postos de combustível, com a proposta de autoatendimento, e distantes de 150 quilômetros a 200 quilômetros de suas lojas tradicionais. A ideia é inaugurar vinte deles ao longo de 2022: o investimento no modelo, de R$ 300 mil, custa a metade do que o aporte em uma loja. Segundo a companhia o retorno não demora mais de um ano e meio.
A expectativa é a de que a produção, que deve chegar às 13,7 mil unidades até o fim de 2021, cresça 30% no ano que vem. Dessas 1 mil serão exportadas, volume que deve ser ampliado em 20%. Em três anos serão investidos R$ 198 milhões para modernizar a linha.
Foto: Willians Rocha/Divulgação