São Paulo – A tendência de recuo da curva de crescimento do mercado brasileiro de veículos no acumulado do ano, comparado com 2020, seguirá no último trimestre. De julho a setembro as vendas mensais foram inferiores às do mesmo período do ano passado, o que provocou uma redução, também, na comparação dos acumulados do ano: o crescimento de 32,8% ao fim do primeiro semestre transformou-se em alta de 14,8% na comparação de janeiro a setembro de 2020 com 2021.
Foram vendidos, nos primeiros nove meses de 2021, 1 milhão 577 mil 485 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, segundo divulgou a Anfavea na quarta-feira, 6. Em setembro foram comprados 155,1 mil veículos, resultado 25,3% inferior ao de igual mês de 2020 e 10,2% abaixo do registrado em agosto. Foi o pior resultado mensal desde junho do ano passado, quando havia, ainda, forte impacto das medidas restritivas no varejo automotivo.
No ano passado a indústria vinha em recuperação após um segundo trimestre bem fraco, marcado por paralisações na produção e restrições ao comércio decorrentes da pandemia da covid-19, e registrou vendas fortes no segundo semestre. Este ano o mesmo não ocorrerá – e não porque faltam clientes, mas porque não há veículos disponíveis.
“Tivemos um primeiro semestre melhor do que o primeiro semestre de 2020, mas teremos um segundo semestre pior na mesma base de comparação”, disse o presidente Luiz Carlos Moraes na entrevista coletiva virtual de divulgação de resultados. “Há alguns meses temos registrados níveis baixos de estoques e seguimos com problemas por causa da falta de componentes, como semicondutores e pneus.”
No fim de setembro foram contabilizados 85,9 mil veículos nos pátios das montadoras e concessionárias, volume que atende a dezessete dias de vendas no ritmo atual do mercado. Historicamente os estoques costumam ter o dobro desta capacidade de atendimento às vendas. E há casos de veículos incompletos parados no pátio, que não podem ser enviados às revendas.
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil.