São Paulo — Apesar do avanço da vacinação no País, que conta com 73% da população maior de 18 anos com ao menos uma dose e 56% com as duas, fator primordial para conter a disseminação do coronavírus, o setor de ônibus ainda engatinha para retomar seu desempenho. Em outubro, foram emplacados 900 veículos, volume 6% superior ao de setembro, mas 37% inferior ao do mesmo período em 2020. Foi o pior desempenho para o mês desde 2017.
Dados da Anfavea divulgados na segunda-feira, 8, mostram que a produção também derrapou, e embora as 1,3 mil unidades tenham representado aumento de 8,8% ante setembro, em comparação ao mesmo mês em 2020 houve queda de 28,8%. Trata-se do mais baixo volume para outubro desde 2015.
Vice-presidente da Anfavea, Marco Saltini assinalou que o mercado de ônibus continua em situação bastante complicada devido às restrições sanitárias inerentes à Covid-19. E que o programa do governo federal Caminho da Escola, até então grande impulsionador do segmento nesse período de pandemia, está em um momento de transição da licitação passada para a nova, que deverá começar a impactar os licenciamentos em dezembro. No mês passado, representou 11% dos emplacamentos. A maior parte, 33%, proveio do ramo urbano, 16% do rodoviário e 7% do fretamento.
No acumulado do ano, foram vendidas 11,8 mil unidades, alta de 3,8% em relação a 2020, o que configurou o melhor resultado desde 2019. Do total comercializado, seis contam com novas tecnologias de propulsão: cinco eram elétricos e um movido a gás natural veicular.
Quanto à produção, saíram das linhas de montagem 15,9 mil veículos, praticamente o mesmo montante de janeiro a outubro do ano passado, com leve alta de 1,1%, mas o melhor resultado desde 2019, quando foram fabricadas 24,4 mil unidades.
Foram exportados neste ano 3 mil 161 ônibus, 4,2% menos do que no acumulado de 2020. Somente em outubro, o volume de 311 unidades representa aumento de 25,6% ante setembro, mas recuo de 35,5% frente ao mesmo mês do ano passado. Saltini apontou que Argentina, Chile e Peru ainda continuam como os principais mercados e que o setor de transporte de passageiros tem papel fundamental na retomada:
“A impressão que se tem é que, com o avanço da vacinação, entraremos em situação mais estabilizada e com maior controle da pandemia, que deverá virar epidemia no futuro e, depois, nem isso mais. Então a expectativa é a de que o setor de ônibus no Brasil passe a ter relevância com volumes mais adequados.”
Foto: Mercedes-Benz/Divulgação.