São Paulo – Empresas do segmento de fundição que operam fornecimentos na cadeia automotiva têm a possibilidade de submeter projetos de inovação a programas do governo federal e de obter recursos a fundo perdido que totalizam mais de R$ 200 milhões.
Para listar as principais iniciativas disponíveis a Anfavea realizou, na quinta-feira, 24, evento virtual para apresentar linhas de financiamento e iniciativas que podem gerar a melhoria dos processos produtivos por meio do Senai, da Finep, e da Fundep. Todos com ações previstas no MiBi, Made in Brazil Integrado, rede colaborativa para aumento da produtividade e competitividade do setor automotivo, e nos programas prioritários do Rota 2030.
De acordo com Ana Helena Andrade, uma das vice-presidentes da entidade, “o objetivo da Anfavea é fazer a interface das empresas com as instituições para facilitar o acesso a recursos e, assim fortalecer o segmento de máquinas autopropulsadas, composta por tratores, colheitadoras, retroescavadeiras e tratores de esteira”.
Segundo ela trata-se de fornecedores das indústrias de construção, mineração e agricultura, segmentos com expectativa grande e sólida de crescimento pelos próximos anos. E, por isso, é importante fortalecer a cadeia.
Anderson Borille, professor do ITA e integrante da diretoria de manufaturados da AEA, assinalou que algumas demandas identificadas no setor de fundição foram dificuldades com lotes de baixo volume de produção, de mão de obra, na rebarbação e na obtenção de crédito para financiar o aumento produção:
“Existem várias frentes para atacar esses problemas e uma delas é a tecnológica. Há tecnologias, por exemplo, de equipamentos de manufatura aditiva, que permitem fazer moldes de areia. E então você leva o molde para a fundição. Essa tecnologia não é nova, existe há duas décadas, mas ainda não chegou no Brasil”.
Três propostas para financiar esse tipo de tecnologia por meio de instituições de pesquisa e desenvolvimento serão apresentadas para as empresas observarem quais são mais interessantes durante o evento Vitrine Tecnológica, da Fundep, em 24 de março. Interessados podem obter mais informações em https://rota2030.fundep.ufmg.br/participe-do-conecta-rota-vitrine-tecnologica/, pois o link para acompanhar o evento ainda não está disponível.
Consultorias – O especialista em desenvolvimento industrial do Senai, José Eduardo Oliveira, contou que uma das possibilidades que a entidade dispõe é programa de consultorias para aumento de produtividade dentro da empresa e para apoio para projetos de pesquisa e inovação. Os recursos não são reembolsáveis.
Empresas recebem consultores para diagnosticar, na companhia de executivos do negócio, os pontos críticos e gargalos que podem estar trazendo problemas de desempenho e adotar ações. No primeiro ano do programa houve a participação de 260 empresas: “O programa assumiu compromisso com o Ministério da Economia para garantir que essas intervenções do Senai tragam benefício mínimo de 20% para ações de manufatura enxuta e de 10% às relacionadas à digitalização”.
Após a conclusão de 144 consultorias, segundo Oliveira, foi constatado aumento médio de 60% naquele processo de produção e de 40% na digitalização.
A entidade abrirá em 7 de março nova rodada de inscrições. Mais informações podem ser obtidas em plataformainovacao.com.br, inclusive para saber mais sobre outras possibilidades de apoio e fomento à inovação e opções envolvendo startups. Serão realizadas pelo menos cem consultorias gratuitas, de 600 horas, para empresas da cadeia automotiva que fabriquem componentes do produto final das montadoras. Estará disponível valor de R$ 12 milhões para efetuar melhorias.
O Senai conta ainda com programa de capacitação gratuita com oficinas dedicadas à indústria 4.0, digitalização e produtividade. Mais de quinhentas vagas serão abertas em 15 de março. Inscrições são feitas em http://cursos.cetiqt.senai.br.
Rota 2030 – Superintendente de inovação da Finep, Maurício Alves Syrio observou que a entidade foi autorizada a captar R$ 200 milhões para oferecer em linhas de financiamento para o setor de fundição dentro do Rota 2030. Os recursos também são a fundo perdido e são ofertados por meio de editais de seleção pública e encomendas tecnológicas.
Uma das linhas do programa dispõe de R$ 20 milhões para startups inovadoras da cadeia automotiva. Para engordar a iniciativa a Finep colocou de seus próprios recursos mais R$ 24 milhões.
Outra é dedicada a empresas do setor de fundição que atuam na cadeia, que conta com R$ 137 milhões. De acordo com Syrio o valor mínimo solicitado é R$ 200 mil e, o máximo, R$ 3 milhões. Para inscrever projeto basta acessar o site da Finep e clicar em Finep 2030 Empresarial. O empresário pode solicitar reunião para sanar dúvidas sobre o formulário.
“A ação privilegia empresas menores, pois são exigidas contrapartidas apenas de companhias de médio e grande porte, que faturam acima de R$ 90 milhões anuais, e os porcentuais vão de 50% a 100% do valor solicitado. Se tiver parceria com ICTs, Institutos de Ciência e Tecnologia, essa contrapartida é reduzida à metade.”
Se o pedido for indeferido Syrio contou que a entidade justifica o motivo da recusa e aceita nova inscrição.
Até o momento 223 projetos de 127 empresas foram aprovados. Os temas incluem, por exemplo, pintura automotiva inspecionada usando tecnologias 4.0, inovação no processo de conformação de engrenagens para uso em sistemas start-stop e módulo de automação veicular com integração IoT com foco em segurança veicular de acessibilidade.
“Às vezes consideramos que o projeto de inovação é complicado, que não é para nós. Mas não é nada disso. Há coisas que achamos que não é inovação e é por isto que estamos abertos a esclarecer tudo isso. O mote do programa é conseguir melhorar a cadeia de fornecedores do setor automotivo, elevar seu nível. Por exemplo: conseguir inserir processos produtivos com tecnologia 4.0 é grande avanço.”
Fotos: fanjianhua/Freepik.