São Paulo – “Somos eternamente o País do futuro. Precisamos nos tornar o País do presente”, afirmou Viviane Mansi, diretora de comunicação e sustentabilidade da Toyota para América Latina e Caribe, durante apresentação no último dia do Seminário Megatendências 2022, realizado de forma online pela AutoData Editora.
Para a Toyota existem diferentes meios de se alcançar a neutralidade de carbono e não necessariamente só um deles é o correto, até porque o mercado demanda todas as opções disponíveis. A aposta da Toyota é na oferta de híbridos no Brasil para calcar a transição para a eletrificação:
“Entendo que somos cada vez mais responsáveis pelo tipo de decisão que tomamos hoje. Quando olhamos para o futuro pensamos em não deixar ninguém para trás, o que faz com que a mudança para as novas tecnologias seja mais cuidadosa. Temos condição de elevar o mercado para 5 milhões de veículos mas estamos produzindo a metade disso hoje. E o resto? O que aconteceria se virássemos essa chave muito rápido no Brasil, todos ao mesmo tempo? Provocaríamos uma onda de desemprego. Será que estamos preparados para isso? E nossos fornecedores? O olhar da Toyota é o olhar de cadeia. O que está claro é que precisamos acelerar e fazer mais e melhor”.
A General Motors aposta em uma mudança por completo, com a eletrificação de todos os seus veículos até 2035, inclusive no Brasil. Durante o mesmo painel o diretor de relações governamentais para a América do Sul, Adriano Barros, citou que a convergência global das plataformas produtivas vai ao encontro dessa tendência:
“É muito caro desenvolver um novo produto. Para cada novo modelo são gastos R$ 1 bilhão. É difícil justificar investimento dessa magnitude para atender a um mercado único e específico. E hoje, conforme Viviane citou, temos uma capacidade produtiva de 5 milhões de unidades e precisamos preencher essa ociosidade com exportação. Mas só conseguiremos exportar se tivermos produtos globais, que não sejam jabuticabas. O gosto do consumidor também tem mudado: ele tem pedido por produtos globais. É interessante ver essa migração, não só pela questão de investimento, de nos concentrarmos em plataformas globais e diluirmos esse custo de desenvolvimento, mas também pelo interesse do cliente”.
Mansi ponderou que o entrave é oferecer o mesmo produto a um custo competitivo e que cada país dispõe de incentivos e infraestrutura distintos – motivo pelo qual, por exemplo, segundo ela, não justifica a empresa oferecer mais modelos eletrificados no próprio Japão sendo que a matriz energética não é tão limpa como a do Brasil.
Cerca de 30% do portfólio local da Toyota, hoje, é exportado e 80% do que é consumido na América Latina e Caribe é produzido na Argentina e no Brasil. Isso foi uma resposta para tornar a operação mais competitiva. Viviane Mansi observou, também, como exemplo, que carros dotados de motor 1.0 são muito comercializados aqui, mas não na região, o que acaba direcionando o tipo de produto em que a empresa aposta.
“O inimigo é o carbono, não o motor de combustão interna. Vemos nos híbridos uma ponte para a neutralidade porque o carro autogera energia, a bateria é menor e, portanto, tem impacto menor. Sem falar que esses modelos podem alcançar o dobro de quilometragem com a mesma quantidade de combustível. Acreditamos que são os mais adequados ao mercado brasileiro.”
Viviane Mansi, diretora de comunicação e sustentabilidade da Toyota para América Latina e Caribe
Barros justificou que o único modelo que do poço à roda tem zero emissão é o elétrico: comparou com outras formas de propulsão e inclusive com o híbrido flex, que, apontou, emite 57% de CO2. Ele citou como vantagens a maior segurança veicular, por dispor de tecnologia embarcada que se assemelha à de modelos autônomos, ao reforçar que 94% dos acidentes são causados por falha humana, e que ainda possui uma tecnologia mais sustentável:
“O custo de manutenção é menor, pois o veículo possui menos peças. E a gente vem trabalhando para que, com a maior oferta, o preço se torne mais competitivo. Temos avançado em inovação e melhorado os processos produtivos, tanto que a planta de Gravataí foi eleita pela GM a fábrica mais produtiva do mundo. Nos preocupamos em não perder o timing nem investimentos da matriz. Queremos surfar essa onda”.
Adriano Barros, diretor de relações governamentais da GM América do Sul
O diretor da GM afirmou que o Brasil possui vocação natural para desenvolver tecnologias envolvendo energia limpa e renovável, dada a sua matriz energética, e citou enorme reserva de matéria-prima para a produção de baterias em países vizinhos, com larga oferta de lítio, níquel, grafite e manganês. E o País, lembrou, é o sexto maior mercado consumidor de automóveis do mundo: “Ou seja: somados esses fatores é possível afirmar que a América do Sul tem potencial para ser um polo de veículos elétricos”.