São Paulo — A equipe de engenharia nacional da Eaton desenvolveu um projeto de desengraxante para lavagem a frio para peças, em parceria com fornecedor local, para criar nova fórmula que permitisse transferir o processo com temperatura de 80 graus para temperatura ambiente. O projeto, que está fase piloto na fábrica de Valinhos, SP, agradou a matriz e poderá ser exportado para outras unidades.
“Pelo menos duas fábrica possuem processo similar ao de Valinhos: uma nos Estados Unidos e outra no México, que ainda operam com a lavagem a 80 graus”, disse Gustavo Orru, diretor industrial da Eaton de Valinhos. “Essa tecnologia poderá ser exportada para os dois países. Todo o trabalho de desenvolvimento e validação realizado pela equipe brasileira permitirá que o tempo de adoção nas outras unidades seja mais rápido”.
A engenharia brasileira conseguiu chegar a esta nova fórmula desengraxante, que não oxida as peças usinadas e permite a lavagem para retirada do óleo em temperatura ambiente. O processo anterior utilizava uma grande máquina que lavava as peças e usava diversas resistências elétricas para aquecer o desengraxante. Com o novo projeto as resistências elétricas foram abandonadas, aumentando a produtividade da máquina, que não precisa esperar o aquecimento, e reduz uso de energia, evitando o consumo de 170 mil kWh por ano e emitindo 11 toneladas a menos de GHG, gases de efeito estufa, por ano, apenas na primeira fase.
O projeto é considerado um sucesso pela Eaton porque ataca diversas frentes relevantes, como a preservação do meio ambiente, menor consumo de energia, maior produtividade e redução dos gastos na operação. Foi, inclusive, premiado pela Mercedes-Benz recentemente. A nova fórmula é mais barata para ser produzida pelo fornecedor, fator que também ajudou na redução de custos.
Em sua segunda fase a Eaton expandirá o uso do novo sistema de lavagem para mais três máquinas, deixando de emitir 44 toneladas de GHG e consumindo quase 500 mil kWh por ano. O projeto ainda conta com uma terceira fase que mira o uso do desengraxante em trinta máquinas instaladas na produção e que fazem trabalho parecido de lavagem, mas para isso a empresa trabalhará em um novo refino do produto.
Para promover o intercâmbio de novas tecnologias pelas suas fábricas a Eaton realiza dois simpósios globais por ano, nos quais são apresentados os projetos. Os que possuem maior potencial de adoção em diversas unidades são selecionados. A partir disso a unidade que desenvolveu o projeto recebe aporte de um fundo sustentável da matriz, caso da operação de Valinhos, que apresentou no ano passado o novo processo de lavagem.
Mais desenvolvimento nacional — Outro projeto desenvolvido no Brasil e aprovado pela matriz da Eaton foi o uso de um novo material refratário nos fornos da fábrica de Valinhos, após o trabalho de pesquisa por novas tecnologias da equipe de engenharia da unidade. O novo material permite maior retenção de calor nos fornos, reduzindo a propagação de calor para fora, diminuindo o consumo de energia para alimentá-los e, consequentemente, os custos na operação.
De acordo Cristiane Mota, diretora de meio ambiente, saúde e segurança da Eaton para América Latina, depois de criar o projeto a operação nacional levou o case para a apresentação nos Estados Unidos, em busca de mais recursos para o desenvolvimento. A aprovação da matriz foi obtida por ser considerada uma boa prática e com grande oportunidade de transferência global:
“Esse projeto já está rodando em Valinhos e temos até outubro de 2022 para entregar para matriz. As possibilidade de exportação são grandes porque esse tipo de forno é usado em todas as fábricas da Eaton”.
Um terceiro projeto para reduzir o descarte de água das fábricas, mesmo que tratadas e seguindo as normas ambientais, também foi desenvolvido no País. Essa água, que já era usada em serviços considerados “não nobres”, será utilizada em parte da produção, considerada nobre, para refrigeração em alguns processos da forjaria, reduzindo o consumo de água.
Os três projetos fazem parte das metas globais da Eaton até 2030 para reduzir as emissões de sua operação.