São Paulo – Ainda que mais no campo das consultas do que em contratos fechados, está começando a aparecer demanda por ônibus elétricos no País, impulsionada especialmente por legislações municipais que vão obrigar a troca dos modelos a diesel pelos movidos por baterias, como é o caso de São Paulo.
No ano passado, a prefeitura da Capital paulista apresentou plano de metas que, dentre outros objetivos, prevê que até 2024 a frota do transporte público será composta por ao menos 20% de modelos elétricos, o que representa 2,6 mil veículos.
“Esse é um caminho sem volta. Estima-se uma demanda para 3,5 mil ônibus elétricos no País até 2024. Será difícil atingir esse número em tão pouco tempo, mas calculamos entregar algo como duzentos a trezentos veículos por ano até lá”, afirmou Walter Barbosa, diretor de vendas de ônibus da Mercedes-Benz, durante sua participação na terça-feira, 26, no Fórum AutoData de Veículos Comerciais.
A fabricante foi a primeira a anunciar, ainda em 2021, a produção nacional do chassi 100% elétrico eO500U. Recentemente foi confirmada a venda das cem primeiras unidades do modelo, que serão entregues a operadores de São Paulo a partir do fim de 2022 até o começo de 2023.
“Sabemos que essa nova demanda vai estimular a entrada de mais e novos concorrentes no mercado, mas esperamos que seja pela porta da frente, com investimentos no País. Pedir isenção de alíquota de importação sem ter fábrica aqui não é uma competição que seja saudável”.
Outros dois participantes do mesmo painel no Fórum, Jorge Carrer, gerente executivo de vendas de ônibus da Volkswagen Caminhões e Ônibus, e Paulo Arabian, diretor comercial da Volvo Bus, também fizeram a mesma ressalva à esperada concorrência chinesa no novo mercado de ônibus elétricos.
“A tecnologia faz sentido para o transporte urbano de passageiros, mas os veículos elétricos continuam sendo muito mais caros. Fica difícil aos operadores investir esses recursos, principalmente quando ainda se recuperam da crise da pandemia. É necessário receber subsídios dos governos”, avaliou Carrer, da VW Caminhões e Ônibus. “Mas estamos também nos preparando para a eletrificação, temos vários projetos.”
Arabian, da Volvo, foi na mesma linha: “Existe demanda em formação, especialmente em São Paulo até 2024, mas é um desafio nacionalizar todos os componentes para e produzir os ônibus elétricos aqui. Por isso queremos que todos os concorrentes venham sem cortar caminho”.