São Paulo – Poucas semanas antes do fim de seu mandato como presidente da associação dos fabricantes de veículos, a Anfavea, Luiz Carlos Moraes viajou para Brasília, DF, para apresentar seu sucessor, Márcio Lima Leite, ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Ao fim da conversa, que girou em torno das oportunidades que o novo cenário internacional pode abrir ao Brasil, Moraes foi surpreendido por um convite para integrar uma das secretarias do ministério.
A notícia foi publicada esta semana na coluna Direto da Fonte, do jornal O Estado de S. Paulo, e confirmada por AutoData. Segundo fontes, que pediram anonimato, Guedes fez a sondagem diretamente, dizendo que gostaria de contar com Moraes no ministério, em secretaria ligada a traçar estratégias de desenvolvimento industrial.
O executivo deixou o convite no ar, não disse nem sim, nem não, mas a assessores próximos afirma que não tem intenção de deixar a iniciativa privada e seu emprego na Mercedes-Benz do Brasil, onde trabalha há 43 anos e é o diretor de relações institucionais e comunicação.
Na reunião com Moraes e Leite o ministro destacou que a guerra na Ucrânia e os distúrbios trazidos pelo conflito à economia global abrem oportunidade única ao Brasil, que pode oferecer um porto seguro e amigável para países que estão agora impedidos de comprar da Rússia. Guedes disse que gostaria de ter Moraes no ministério justamente para ajudar a identificar essas oportunidades e traçar estratégias para aproveitá-las.
Seria uma missão difícil em um governo em fim de mandato, dado a baixa competitividade estrutural da indústria nacional e o atual cenário da economia brasileira, que tem pouco a oferecer além do que já oferece a outros países: commodities agrícolas e minerais.
Nos últimos três anos como presidente da Anfavea Luiz Carlos Moraes teve interações frequentes com o ministro, em reuniões mensais. Sempre levou ao ministério as muitas demandas da indústria fabricante de veículos, mas apesar da proximidade foram poucos os resultados concretos desses encontros. O mais notável foi a recente redução horizontal e permanente do IPI sobre veículos – ainda assim, o porcentual de diminuição de 18% foi menor do que os 25% para outros bens, que foram beneficiados com baixa ainda maior, de 35%, em maio.