Fundos de investimento aportarão R$ 260 mi em fábrica no Sertão de Pernambuco
São Paulo – O objetivo do paraibano Evandro Lira, 50 anos, de constituir uma montadora brasileira começou a ser traçado seis anos atrás. Agora começa a se tornar realidade: o administrador de empresas e empresário do ramo de gastronomia, agora CEO do Grupo NBR, Novo Brasil, planejava produzir cinco carros por mês, mas, depois de conhecer investidores estrangeiros que passaram a apostar em sua ideia e ofereceram R$ 260 milhões, a intenção é começar a fabricar em meados do ano que vem 1,2 mil veículos/mês, com possibilidade de dobrar este volume.
A expectativa de Lira era apresentar seus quatro protótipos no SP Motor Experience, antigo Salão Internacional do Automóvel, previsto para agosto e remarcado para 2023. Diante disso até setembro serão apresentados os modelos iniciais, sendo um aberto tipo buggy, para ir à praia e circular nas dunas, um fechado, inspirado no buggy mas habilitado para realizar viagens, um jipe e uma picape.
O empresário contou que chegou a cogitar a aquisição de uma marca de buggy já existente no mercado e que começou a negociar, mas diante de problemas que surgiram, decidiu partir do zero e criar uma empresa nova.
“Chegamos no momento certo e na hora certa. Não existe uma montadora brasileira. E com a pandemia muita gente boa ficou disponível no mercado. Trouxemos projetistas e designers com muita experiência.”
Produção no sertão pernambucano — A produção será feita no espaço de 30 mil m² em uma antiga fábrica de óleo de mamona em Araripina, PE, que está fechada desde os anos 1990: “Começaremos a terraplanagem em agosto. Faremos a adaptação e a modernização dos galpões já existentes”.
A pedra fundamental foi assentada em março. A escolha por Araripina, município de pouco mais de 85 mil habitantes situado na tríplice divisa de Pernambuco com o Ceará e o Piauí, foi, segundo Lira, por logística facilitada: está a um raio de 300 quilômetros de sete estados.
“Muita gente me pergunta: por que não Goiana ou Suape? Não queríamos ser mais uma nessas cidades. Além disso estamos mais próximos do Sudeste do que Goiana. Estamos também perto do porto de Pecém, do porto seco de Salgueiro e do porto de Suape. E com a Transnordestina, que está passando por Araripina, tudo ficará ainda melhor.”
Embora distante quase 700 quilômetros de Recife, PE, onde o Grupo NBR possui escritório, Lira disse que a Azul está avaliando estabelecer linha com vôo direto à cidade até o fim do ano devido à liberação para voos comerciais do aeroporto local, o que abreviaria a viagem a 40 minutos. Hoje o acesso por via aérea é feito até Juazeiro do Norte, em pouco mais de uma hora da capital, complementado por mais 80 minutos de carro.
Lira relatou que devido à proximidade com a fábrica da Jeep, em Goiana, e da extinta Troller, em Horizonte, CE, que encerrou a produção no fim do ano passado, há muitos fornecedores entrando em contato com ele. Além disso o fato de a Ford ter fechado suas fábricas e a Caoa Chery ter anunciado que vai parar de produzir em Jacareí, SP, criou cenário em que muitas empresas fabricantes de autopeças estão em busca de novos negócios.
“Todos os dias recebemos contatos pois esse mercado está aberto. O leque cresceu muito e estamos em negociações avançadas com alguns deles. Em breve anunciaremos alguns nomes. Antes de setembro divulgaremos quem fornecerá o motor.”
Incentivos – A empreitada tem a seu favor tratativas com as três esferas governamentais para obtenção de incentivos fiscais até meados de 2023, quando a produção deverá ser iniciada: “Começamos a conversar com os governos antes de tirar o projeto do papel, se não o projeto não seria viável. Estamos com documentações em andamento”.
Por se tratar de empreendimento no Sertão de Pernambuco o Grupo NBR está buscando a isenção de 95% do ICMS durante doze anos e de 100% de todos os tributos municipais pelo mesmo período, como IPTU. Quanto ao governo federal as tratativas giram em torno de 75% de redução de impostos, a exemplo do IPI e do IR.