São Paulo – Contrariando as expectativas a indústria de autopeças deverá reduzir seus investimentos em 2023: segundo o Sindipeças eles recuariam 17,4% com relação ao projetado para este ano, somando R$ 1,9 bilhão. Interromperão, assim, dois anos de crescimento, pois em 2021 subiram 90,9%, para R$ 2,1 bilhão, e este ano estima-se nova elevação de 9,5%, alcançando R$ 2,3 bilhões.
A explicação, segundo o presidente do Sindipeças, Cláudio Sahad, está no comportamento da economia nacional e do Exterior, de onde se espera um movimento de ajuste econômico. As taxas de juros, como no País, sobem nos principais mercados que também precisam controlar sua inflação.
“Sabemos que o mundo passará por momento complicado por causa do aumento na taxa de juros e da inflação que vai trazer seus efeitos, reduzindo o desempenho econômico global. Esses fatores deverão refletir sobre os investimentos”.
Apesar dos sucessivos pedidos das fabricantes de veículos por mais produtos nacionais e maior integração da produção no Brasil os fornecedores precisarão fazer este ajuste, segundo Sahad, que disse que o cenário econômico “exigirá que o setor separe o querer do poder”. Está claro, de acordo com o presidente do Sindipeças, que existe a necessidade de nacionalização em 2023 e nos anos seguintes para elevar a competitividade do veículo brasileiro, mas estes fatores acabam puxando para baixo os aportes da cadeia de autopeças.
Assim também é esperando um aumento do volume de importações para 2023, por dois fatores: demanda interna e aumento das exportações de itens que dependem de componentes importados para serem produzidos. É esperado um déficit de US$ 8,7 bilhões na balança comercial de 2023, volume menor do que os US$ 11,2 bilhões projetados para 2022, assim como do que o déficit de US$ 10,5 bilhões registrado em 2021.
Mesmo reduzindo seus investimentos a expectativa do Sindipeças é a de que o faturamento do setor de autopeças some R$ 188,4 bilhões no ano que vem, incremento de 5,5% sobre o projetado para 2022, que deverá fechar com alta de 9,1% e com R$ 178,5 bilhões faturados. Em 2021 o faturamento foi de R$ 163,6 bilhões, alta de 29,6% sobre 2020, ano mais abalado pela pandemia da covid-19.
Os postos de trabalho deverão seguir a leve tendência de crescimento registrada nos últimos anos, chegando a 245,8 mil vagas em 2023, avanço de 1,2% sobre 2022, quando o setor deverá empregar 242,8 mil trabalhadores, expansão de 0,7% sobre 2021, ano que apresentou resultado consolidado de 241,1 mil empregos, com incremento de 3,5% sobre 2020.