Fabricante domina 75% do fornecimento de energia para sistema de desligamento e religamento automático do motor
Belo Jardim, PE – A Moura está avançando rápido no domínio tecnológico e do mercado nacional de baterias especiais EFB e AGM para veículos equipados com sistema start-stop, que desliga o motor nas paradas do trânsito e religa automaticamente ao pisar no acelerador.
A empresa produz em Belo Jardim, PE, os dois tipos de acumuladores e desenvolveu tecnologia própria para as EFB, sigla de Enhanced Flooded Battery, ou em tradução livre bateria molhada avançada, que tem desempenho similar e é mais barata do que as AGM, Absorbent Glass Material, que é seca, montada com mantas de lã de vidro impregnadas com ácido.
Segundo Antônio Júnior, diretor geral da empresa, a Moura já detém 75% de participação no fornecimento de baterias para carros com start-stop produzidos no Brasil, porcentual acima dos 56% que a empresa domina do mercado total OEM de baterias automotivas, fornecidas diretamente aos fabricantes de veículos.
É um desenvolvimento importante para um mercado que deve crescer em compasso acelerado: segundo projeções da Moura nos próximos cinco anos as baterias EFB e AGM de 12 volts para start-stop deverão superar as convencionais SLI e representar 60% das vendas, contra 40% atualmente. Isto porque muitos fabricantes estão adotando o sistema de autodesligamento do motor para reduzir o consumo em uso urbano e enquadrar seus carros nas metas de eficiência energética.
A Moura produz atualmente cerca de 10 milhões de baterias automotivas por ano em suas fábricas de Belo Jardim: 70% delas são destinadas ao mercado de reposição, no qual a marca pernambucana domina 45% das vendas. Outros 20% seguem direto para as montadoras, as OEMs, que equipam 55% dos carros produzidos com baterias Moura. Os 10% restantes seguem para exportações a mercados latino-americanos.
Baterias AGM e EFB da Moura: aumento no fornecimento para veículos com sistema start-stop.
Mais clientes EFB e AGM – No polo automotivo do Grupo Stellantis em Goiana, PE, já são fornecidos pela Moura 100% das baterias EFB que equipam modelos Jeep produzidos em Pernambuco.
“Conseguimos desenvolver aqui baterias EFB tão eficientes e duráveis quanto as AGM, mais baratas e sem problemas de aquecimento, podem ficar ao lado do motor”, contou Antônio Júnior. “Nós nos tornamos referência mundial.”
Com durabilidade média de três anos, igual à de uma bateria AGM, segundo o executivo a tecnologia da EFB projetada pela Moura já atraiu o interesse de fabricantes estrangeiras, como é o caso da indiana Exide, que produz 30 milhões de baterias por ano: “Dois de nossos clientes, General Motors e Volkswagen, testaram nossa EFB e indicaram que a Exide utilizasse a mesma tecnologia para fornecer a eles na Índia”.
A empresa também está ganhando novos clientes para suas baterias AGM produzidas em Belo Jardim, normalmente utilizadas em automóveis premium. Segundo Antônio Júnior a partir de março a Jaguar Land Rover passa a comprar da Moura as AGM para equipar os SUVs Range Rover Evoque e Discovery Sport que são montados em Itatiaia, RJ.
Como sua estrutura é sensível ao calor a AGM não pode ficar no cofre do motor. Normalmente é instalada junto ao porta-malas, o que exige cabeamento mais longo e mais custos: “Por isto nossa EFB vem sendo melhor considerada para aplicações start-stop”.
Lítio – Em outra aposta desde 2021 a Moura nacionalizou a montagem de módulos de baterias de íons de lítio, com células importadas da chinesa CATL, para tracionar veículos elétricos. O primeiro cliente foi a Volkswagen Caminhões e Ônibus, que produz o e-Delivery, primeiro caminhão elétrico projetado e produzido no Brasil.
A Moura integra o e-Consórcio de empresas que atuam diretamente na produção do e-Delivery na fábrica da VWCO em Resende, RJ. Além de fazer a montagem e ativação de toda a parte elétrica de alta voltagem do caminhão também é responsável por fornecer os serviços de manutenção das baterias.
A expectativa é de multiplicação considerável do número de clientes da divisão de lítio da Moura, que já trabalha no projeto de produção local de baterias de 48 volts que serão usadas em carros híbridos leves, os MHEV, que usam tração elétrica na partida e em velocidade constante sem aceleração, para reduzir emissões e consumo de combustível.
Antônio Júnior não revela quem são os futuros clientes das baterias de lítio de 48V no Brasil, mas Volkswagen e Stellantis já admitiram que trabalham em projetos de híbridos flex. Segundo o executivo há conversas com várias montadoras: “Estamos vendo desenvolvimento fortíssimo para a produção de novos carros híbridos no País e estamos nos preparando para quando nosso clientes pedirem este tipo de bateria. Devemos começar a fornecer no prazo máximo de três anos”.