São Paulo — Marco Antônio Bento, presidente da Abraciclo, está otimista com as perspectivas para o setor de duas rodas em 2024, diante de uma inflação sob controle, queda na taxa de câmbio e sinalização de redução de juros. Ele participou do Congresso AutoData Perspectivas 2024, organizado de 21 a 22 de novembro no Espaço Fit Eventos, em São Paulo.
“Espero que essa mudança nos juros seja mais robusta, para que a gente possa ter uma melhora crescente no mercado varejista”.
Com a produção regularizada após a pandemia, sem filas de espera, a indústria de motocicletas tem expectativa de encerrar 2023 com crescimento de 11% nas vendas. Driblando os altos juros, 35% foram via consórcio, enquanto os pagamentos à vista representaram 30%.
Dentre os segmentos as motocicletas de entrada dominam: elas representaram 80% do market share. Bento ressalta que os modelos de média cilindrada, com 16,7% de participação, vêm crescendo nos últimos anos.
No acumulado de janeiro a outubro, a produção avançou 10,4%, com 1,323 milhão de unidades. Números que colocam o Brasil como o mercado de maior relevância fora da região asiática.
Crescimento sustentável
A Abraciclo enxerga um cenário para 2024 com mais pontos positivos do que negativos: reforma tributária, queda de juros, aumento do PIB, eleições municipais e retomada econômica com geração de emprego e renda. As mudanças climáticas, por sua vez, com períodos de estiagem e chuva intensa, podem afetar a logística e os custos de produção, principalmente na Zona Franca de Manaus.
As oportunidades para o segmento das duas rodas no próximo ano estão apoiadas na busca do consumidor por um transporte ágil nos deslocamentos urbanos e econômico com baixo custo de aquisição, manutenção e quilômetro rodado, na continuidade do protagonismo da logística urbana, no crescimento das motos de média cilindrada e na evolução tecnológica para atender às exigências do consumidor.
Com esse potencial mercado, Bento espera que em até cinco anos o setor chegue a 2 milhões de motos com crescimento sustentável. “Continuamos enxergando um horizonte positivo para o setor de motocicletas, com várias oportunidades, como alternativa de deslocamento, com um produto acessível e também como uma alternativa de baixo custo e geração de renda”.
O mercado exportador, contudo, sofre limitações porque o Brasil avançou com produtos de alta tecnologia que atendem a mercados como Estados Unidos, Canadá e França. Contudo, enfrentam uma diferença de harmonia de legislação na América do Sul, ou seja, com produtos
brasileiros superiores ao que as regras desses países exigem, o preço da motocicleta brasileira não é competitivo.
Questionado até por autoridades sobre esse desafio e se seria possível produzir motos de menor qualidade para atender às exportações, Bento reforça que quando é feito um investimento em tecnologias, não é mais possível retroagir.