São Paulo – A recuperação do mercado de máquinas agrícolas não deverá ocorrer em 2024. Representantes de AGCO e CNH Industrial, que participaram de painel realizado no segundo dia do Congresso AutoData Perspectivas 2024, realizado no Espaço Fit, em São Paulo, acreditam em queda nas vendas mesmo com a expectativa de um novo recorde da produção de grãos, que deverá avançar 1% a 1,5% ante 2023, segundo os dados divulgados pela Conab, Companhia Nacional de Abastecimento.
Carlo Martorano, vice-presidente de compras da AGCO, projetou queda de 5% a 8% para 2024 na comparação com 2023, que deverá encerrar com retração de 10% a 12% com relação a 2022 – porcentual menor do que o projetado pela Anfavea, que espera recuo na casa dos 20% para o ano: “Estamos com uma visão um pouco mais positiva porque esperamos um desempenho melhor para os últimos dois meses do ano”.
Thiago Wrubleski, diretor de planejamento comercial da CNH Industrial, também espera queda em 2023 na comparação com 2022. Para o ano que vem a expectativa não é das mais animadoras: “Não temos um otimismo muito grande pois tudo nos leva a crer que a indústria ainda sofrerá, mesmo com o avanço tímido da produção agrícola”.
As empresas trabalham para ampliar sua base de fornecimento nacional. A CNH Industrial criou um programa interno para selecionar novos fornecedores anualmente, sem olhar apenas para o melhor custo mas buscando o melhor valor, aumentando o índice de nacionalização, que atualmente está em torno de 70%.
No caso da AGCO seu vice-presidente disse que a empresa está trabalhando muito forte na localização, sem deixar passar nenhuma oportunidade, principalmente após a pandemia da covid-19, que deixou lições valiosas com relação à dependência global de componentes. Atualmente a empresa prefere nacionalizar, mesmo que o retorno seja em uma prazo maior, para não depender de mercados externos.
Martorano disse que, atualmente, os fornecedores brasileiros não conseguem competir com empresas similares instaladas na China, que estão vivendo o seu melhor momento de competitividade e, com isto, o desenvolvimento da cadeia se faz ainda mais importante para o avanço da produção local que abastece o Brasil e diversos outros países.
Construção
Na linha amarela, na qual a Volvo CE opera, o cenário é um pouco mais complicado para 2023, de acordo com seu presidente para a América Latina, Luiz Marcelo Daniel, que também participou do painel. Ele projeta uma retração de 30% usando como base os dados divulgados pela Abimaq. Para o ano que vem a projeção é de um início tímido de recuperação, que poderá ser 5% maior do que o mercado em 2023.
Para equilibrar sua produção no Brasil a Volvo CE apostou nas exportações para compensar a retração do mercado interno: “Este ano nós exportamos mais do que vendemos no Brasil. Isso foi muito importante para equilibrar nossos números e conseguimos apresentar competitividade e qualidade igual ou melhor do que outras plantas”.