São Paulo – O ritmo do crescimento da economia brasileira deverá ser reduzido no ano que vem, segundo projeções do Banco Itaú. A alta do PIB, produto interno bruto, deste ano ficará em torno de 2,9%, projeção elevada pelo banco, e em 1,8% no ano que vem, segundo as estimativas divulgadas por Igor Rose, da área de pesquisa econômica, durante o Congresso AutoData Perspectivas 2024, organizado de 21 a 22 de novembro no Espaço Fit Eventos, em São Paulo.
“Acho que 2024 não será um ano de crise, não será um ano de recessão. Eu acho que, ao contrário, o Brasil continuar crescendo acima da média pré-pandemia, mas com alguns desafios.”
Dentre esses desafios o economista citou os juros altos, a questão fiscal e tributária: “Não são problemas novos, mas que estavam dormentes nos últimos anos. Com essa leve desaceleração da economia que estamos projetando, de um crescimento de quase 3% para de 1,5% e 2%, estes desafios ficaram mais aparentes”.
Com relação à taxa básica de juros a expectativa do banco é a de que fique abaixo dos 10%, patamar ainda considerado alto pela instituição. Rose apontou que o piso da Selic está elevado devido ao cenário externo, principalmente pela dependência da economia dos Estados Unidos, onde os juros subiram nos últimos anos.
“Por ser um País mais arriscado o Brasil não consegue deixar a nossa Selic no mesmo nível da Fed Funds, que está em 5,5% a 6%. Então é muito difícil ver uma taxa Selic de 6,5% a 7%. Se fizermos isto nenhum investidor estrangeiro pretenderá investir no Brasil dado ao nosso nível de risco”.
Para o economista do Itaú o cenário externo que permita uma taxa de juros ainda menor aqui, no Brasil, ainda demorará. Nos Estados Unidos, segundo Rose, ainda não se discute corte de juros, o que talvez comece somente a partir da metade do ano que vem.
“Ainda há uma janela longa para isto começar a acontecer e o impacto para nós, apesar de estarmos em um processo de corte de juros, ainda é alto. Hoje o que temos é uma projeção de uma taxa Selic de 9,5%, ou seja, bastante acima do que vimos no pré-pandemia. Uma das razões é o cenário externo muito ruim, muito dependente da economia estadunidense.”
De alto interesse para o setor automotivo o crédito está em um bom momento, segundo o economista: “Temos fundamentos relevantes para setores ligados a crédito. Quando olhamos na margem, o movimento do segundo semestre deste ano para frente, e é uma tendência que podemos pensar para 2024 também, o crédito vem retomando. Então a desaceleração da economia é mais pensada no consumo, principalmente em bens ligados à renda, mas o crédito está em tendência de crescimento”.
O executivo do Itaú, no entanto, acredita em alta da inflação acima da meta com o ajuste fiscal via aumento da carga tributária. A projeção do banco para 2025 é de 3,5%. A meta do governo é de 3%. Mesmo assim Rose se diz cético quanto ao governo conseguir zerar o déficit fiscal: “Mas reconhecemos o esforço do governo em aumentar a receita”.