São Paulo – Sem confirmar o valor do aporte extra, de 1 bilhão de euro anunciado pelos sindicatos dos metalúrgicos, o CEO da Volkswagen do Brasil, Ciro Possobom, afirmou durante o Congresso AutoData Perspectivas 2024, organizado de 21 a 22 de novembro no Espaço Fit Eventos, em São Paulo, que o mercado deverá crescer em 2024.
“Esperamos um crescimento de 5% a 10%, puxado pela redução da taxa de juros, pelo mercado corporativo muito forte e pelo fato de todas as montadoras estarem com abastecimento pleno sem grandes faltas de componentes, apesar das guerras.”
Outro bom resultado deverá vir das exportações. A maior exportadora de veículos do País tem a expectativa de retomar, em 2024, bom volume de remessas para a Argentina: “Todos conhecem a situação da Argentina: eles têm comprado muito menos carros. Esperamos que no ano que vem a gente consiga voltar à Argentina com mais força”.
Outro ponto apontado pelo CEO da Volkswagen do Brasil pela baixa das exportações em 2023 foi a valorização do real, que gera dificuldade de vender para países como Chile e Colômbia.
Híbrido-flex ainda sem data
A negociação com os sindicatos, confirmada por Possobom sem entrar em pormenores, envolveu a produção de um veículo com motor elétrico e a combustão, ainda sem data confirmada – o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC afirmou que ficaria para depois de 2027.
“Acreditamos em várias soluções. Nosso foco ainda está no motor a combustão e temos uma vantagem muito grande no Brasil, da nossa matriz energética ligada ao etanol, o que faz com que nosso carro seja bom para o meio ambiente e acessível para a população.”
Possobom argumentou que, caso a indústria virasse a chave para a eletrificação, os preços subiriam e o mercado cairia da atual faixa dos 2 milhões de veículos para 1,2 milhão e fábricas fechariam: “Somos prudentes neste ponto, então ofereceremos a nossos clientes carros a combustão, híbridos e, claro, elétricos”.
Sobre a extensão dos incentivos do regime do Nordeste e Centro-Oeste, em discussão dentro da reforma tributária, o executivo afirmou que as regras deveriam ser iguais para todas as montadoras: “A gente tem que buscar uma solução tributária que seja boa para todo mundo. Quando você tem um player com uma isenção de impostos muito maior que todo o resto da indústria, isto não é correto no nosso ponto de vista. Como brasileiro e executivo da Volkswagen eu sou contra a renovação pela quarta vez. Acreditamos no incentivo quando se desenvolve. Todas as montadoras que chegaram nos últimos 25 anos tiveram incentivos. Vieram, receberam, se instalaram, desenvolveram uma cadeia de fornecedores. Mas já foi, não precisa perpetuar isso”.
Para o CEO da Volkswagen o que está em discussão, hoje, não são benefícios para novas empresas ou novas tecnologias, mas também carros a combustão. Para ele o certo seria incentivos para a eletrificação da indústria.