São R$ 9 bilhões combinados com o atual ciclo de R$ 7 bilhões para produzir quatro produtos inéditos e um novo sistema híbrido
São Paulo – A Volkswagen combinou ao seu atual ciclo de investimento, de R$ 7 bilhões de 2026 a 2028, um novo aporte, de mais R$ 9 bilhões, para lançar dezesseis novos veículos no País, sendo quatro inéditos, e um novo sistema de propulsão híbrido flex. Dessa forma a companhia está investindo, no total, R$ 16 bilhões no Brasil.
“Trabalhar para validar este investimento não foi fácil”, confessou Ciro Possobom, CEO da Volkswagen do Brasil. “Mas conseguimos fazer esta combinação que ampliará nosso portfólio no Brasil e na região, desenvolvendo produtos inéditos e posicionando nossa operação até para exportar motores híbridos de última geração.”
A matemática desta ampliação do investimento da VW no Brasil é complexa e o cronograma dos dezesseis lançamentos, também. O ciclo atual, que terminaria em dois anos, previa quinze lançamentos. Pelas contas da empresa ainda faltam quatro: “A maior parte dos R$ 7 bilhões serão aplicados em 2024 e 2025, principalmente na preparação das estruturas para produtos inéditos. E estes quatro lançamentos estão incluídos nos dezesseis anunciados hoje”.
Neste cronograma haverá veículos totalmente elétricos importados, novos modelos programados para todas as suas operações fabris no País e, além de motores a combustão flex, haverá a primeira ofensiva da VW na propulsão híbrida.
O Brasil terá uma nova plataforma por enquanto chamada de MQB Hybrid, que poderá ser utilizada na produção de qualquer produto nacional. Possobom disse que já conheceu toda a tecnologia embarcada nesta plataforma, que fará sua estreia na Europa ainda este ano: “A versatilidade de aplicação e a tecnologia alemã utilizada nessa plataforma são a garantia de produtos muito competitivos”.
Ainda sem confirmar o início de produção dos novos modelos o motor flex híbrido, a ser produzido em São Carlos, SP, será um dos protagonistas deste novo ciclo da VW. Possobom disse à reportagem que, assim como os motores TSI feitos no Brasil foram exportados para o México, além de cabeçotes para Alemanha, os novos híbridos também podem ser enviados a outros países: “Ele estará disponível para qualquer operação da VW e acreditamos no potencial de exportação”.
Para o mercado nacional a VW está desenvolvendo dois veículos inéditos que serão produzidos na unidade Anchieta, em São Bernardo do Campo, SP. Possobom ainda não pode oferecer pormenores destes modelos, mas garante que o desenvolvimento nacional está avançado, com o design criado aqui já aprovado: “Estamos liderando estes projetos, com plataforma nova, desenvolvimento de fornecedores, design e motorização levando em consideração os desejos, necessidades e bolso do consumidor nacional”.
A fábrica de Taubaté, SP, onde é feito o Polo, hatch de entrada do portfólio, também terá um novo veículo, um “modelo icônico para a VW”. Nos últimos dias surgiram rumores do retorno do Gol, mas Possobom desconversou quando questionado: “Já especularam e erraram o valor de investimento anunciado hoje. Podem estar errados aqueles que apostam no retorno do Gol”.
Em São José dos Pinhais, PR, já está definida a produção de uma picape em segmento no qual a empresa não atua. Seu design já está validado e segundo Possobom o projeto já está bem avançado, “mas ainda não será este ano que vamos apresentar esse produto”.
Um dos parâmetros que permitiu que a matriz da VW aprovasse este aporte adicional no Brasil é a expectativa de vendas desses novos produtos. Possobom raciocina que para entregar rentabilidade à operação os novos veículos precisam ter um volume superior a 60 mil unidades ao ano: “É difícil justificar investimentos sem rentabilidade. Por isso todos esses novos produtos precisam superar esse volume para atingirmos nossos objetivos”.
Outro ponto importante para realizar essa ousada estratégia e garantir os R$ 16 bilhões para os próximos dois anos a VW concluiu acordo estendido com todos os seus trabalhadores e seus respectivos sindicatos até 2028. Não à toa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou presença na sexta-feira, 2, às 15h00, na fábrica Anchieta para comemorar este investimento.
Nota do editor: Durante o anúncio do investimento para os jornalistas o período informado foi de 2024 a 2026. Após a publicação da reportagem a assessoria da VW explicitou que, na verdade, o período deste novo ciclo de investimentos se encerra em 2028. O texto foi atualizado.