São Paulo – A economia deverá crescer 2% este ano, um pouco menos do que em 2023, quando o PIB registrou aumento de 2,9%. Apesar do menor avanço trata-se de um movimento mais sustentável pelo fato de não se apoiar tanto no agronegócio, segundo avaliou o superintendente da área de pesquisa econômica do Banco Itaú, Fernando Machado Gonçalves, durante o Seminário Megatendências 2024, realizado por AutoData em 19 e 20 de março.
Gonçalves disse que não fosse o crescimento recorde do PIB do agronegócio, que avançou 15,1% no ano passado, a economia teria registrado alta de 2%, ou seja, empataria com este ano. O economista contextualizou que o incremento de 3,1% do consumo das famílias iniciado em 2023 refletiu a maior oferta de vagas de trabalho, que alcançou patamar de 100 mil empregos e gerou a valorização dos salários, e o aumento da transferência de renda por meio do Bolsa Família.
“Também pesaram a favor o reajuste de quase 7% do salário mínimo e a antecipação de precatórios no valor de R$ 95 milhões, sendo que a metade disto é de alimentícios, que vai para pessoas que consomem esse recurso adicional.”
O cenário, ressaltou, favorece a aquisição de itens de maior tíquete médio, o que inclui veículos. Gonçalves ponderou, entretanto, que caso seja constatado que houve um peso grande destes fatores mais pontuais, algo que o Itaú não conseguiu mensurar até o momento, não é possível dizer que a economia continuará neste ritmo.
“Existe, sim, uma melhora da economia com juros mais baixos, investimentos acontecendo, o crédito sendo retomado. Mas há um outro lado, que são os componentes que não tendem à continuidade, apesar do consumo resiliente, mas não tão forte.”
As projeções do Itaú apontam para taxa Selic de 9,25% ao ano em dezembro. Na quarta-feira, 20, a projeção é a de que os juros baixem de 11,25% ao ano para 10,75% ao ano. “Se não houver uma redução de 0,5 ponto porcentual, uma grande aposta, haverá banho de sangue no mercado financeiro”.
Contribui para esta tendência o fato de que o IPCA, na expectativa do Itaú, recuará de 4,6% para 3,6% este ano: “A inflação estava pressionada por serviços, principalmente pelo custo da mão de obra e pelo aumento dos salários”.
Quanto ao câmbio, apesar da projeção de que o dólar chegue até R$ 5,30, Gonçalves aposta em R$ 4,90.