São Paulo – Defender a produção nacional de concorrentes de fora, a exemplo do que Estados Unidos e países europeus têm feito, é um dos mecanismos sugeridos pelos sistemistas durante painel que reuniu Alexandre Abage, CEO do Grupo ABG, Carlos Delich, presidente da ZF e Sérgio José Kramer, diretor geral da Eaton, durante o Seminário AutoData Revisões das Perspectivas 2024.
Representante de uma empresa brasileira, Abage foi categórico em sugerir um sistema de cotas de importação para proteger a indústria nacional. “Qualquer fabricante é bem-vindo, mas até um certo limite. Precisamos proteger nossa indústria de veículos e de autopeças, e não será imposto que vai segurar. A única forma de manter nossa competitividade e volume é por meio de cotas”.
Delich contou que todos se preocupam com os chineses e sugeriu impostos sobre produção CKD para que os fornecedores possam ampliar a localização de peças.
Outro caminho para ampliar a produção é o mercado externo, mas as exportações nem sempre são um caminho fácil, especialmente para os sistemistas multinacionais. A ZF, por exemplo, por ser uma companhia internacional, exporta pontualmente. “Se tivermos uma demanda, tentamos colocar o produto onde está o cliente”, disse Delich, que citou importar da China e da Alemanha material de atrito para embreagem para utilizar em pesquisa e desenvolvimento e produção na América do Sul. “São casos pontuais.”
A Eaton sempre trabalha as oportunidades de exportação, pois o Brasil é bem competitivo para alguns tipos de componentes, como válvulas para motores e componentes de eixos. “No ambiente mais macro, em termos de exportação indireta, dependeríamos das montadoras, por exemplo, para o Brasil se tornar um hub de produção de motores de combustão interna. Podemos fornecer a montadoras e torna-se uma alternativa interessante”.
Sobre as perspectivas de curto prazo Abage espera um segundo semestre muito positivo, com a expectativa da ABG atingir crescimento de 15% a 40% conforme os diferentes produtos de seu portfólio. Delich também está otimista com o bom ambiente na América do Sul, apesar das dificuldades com Chile e Argentina e percalços no agronegócio.
Kramer disse estar positivo com expectativa de crescimento de 10% em aftermarket, acompanhar o crescimento de caminhões e ônibus próximo de 29% – a companhia investiu R$ 800 milhões para novas famílias de transmissões automatizadas e a Eaton vai continuar acreditando no mercado agro e investindo nesse segmento.