São Paulo – O presidente para a América Latina e vice-presidente corporativo global da Nissan, o argentino Guy Rodriguez, esteve no Brasil esta semana para verificar que 90% das adequações na fábrica em Resende, RJ, estão prontas para receber a nova geração do SUV Kicks, cuja produção terá início no ano que vem: “Estamos avançando bem. Já temos áreas completas e com as equipes 100% treinadas. Percebi que todos estão motivados e isso é muito positivo para o que vem por aí”.
A Nissan está investindo R$ 2,8 bilhões no País para produzir a nova geração do Kicks e outro SUV inédito, um veículo global que será feito inicialmente aqui. Além de um motor turbo, também a ser produzido em Resende.
“O novo Kicks, já apresentado nos Estados Unidos, é um produto que vai incomodar. Ele está crescendo em tamanho, em tecnologia, receberá uma nova motorização turbo. Aliás, eu já vi o motor turbo, um protótipo. Já o novo SUV, que será brasileiro em algum momento depois de 2026, ainda não existe.”
Este novo momento industrial que a Nissan está preparando representará um passo importante para a unidade de Resende, que tem capacidade para produzir 200 mil veículos e 200 mil motores ao ano mas que está longe deste desempenho. A ideia, inicialmente, é ter um novo portfólio para depois pensar em ampliar o ritmo produtivo.
Para isto estão chegando 24 novos fornecedores, ampliando a base atual de 93 para 117 até 2025: “Temos planejamento para ocupar ainda mais a capacidade da fábrica, iniciando um segundo turno. Quando tivermos os dois novos SUVs teremos todos esses 24 parceiros incorporados em nosso processo produtivo”.
Além da expectativa com a produção nacional a Nissan também trabalha em conjunto com a Renault para a chegada de inédita picape compacta a partir da Niagara, veículo conceito apresentado durante o lançamento do SUV Kardian e que utilizará a plataforma modular CMF-B. Será feita na fábrica da Renault na Argentina, no mesmo modelo em que são produzidas as picapes médias Nissan Frontier e Renault Alaskan.
“Temos os itens específicos para a Frontier e a Alaskan na fábrica de Santa Isabel. Do mesmo jeito teremos um projeto em comum, de uma picape de 700 quilos de capacidade. Nesse sentido continuamos operando em parceria com a Renault.”
Apesar da separação em alguns setores, como o de finanças e compras, dentre outras áreas, a Aliança Renault-Nissan funciona para projetos específicos e, de acordo com Rodriguez, “a única diferença é que, em vez de falarmos juntos sempre, porque éramos uma aliança, agora somos grupos econômicos diferentes”.
Ele acredita que essa mudança deu mais autonomia para as duas empresas em vários aspectos, porém não há mais tantas sinergias “pois não podemos ter compras juntos porque não posso saber os números deles e eles os meus. Mas nós trabalhamos juntos de qualquer jeito. Então, eu fabrico picape para a Renault e compro as peças juntos aos fornecedores. E a Renault comprará as peças e vai negociar com fornecedores para a picape pequena”.
Em algum momento a Nissan também terá opções de motorização híbrida no Brasil. Mas esta não parece ser uma questão prioritária neste momento, mesmo considerando que o mercado na região tem interesse por este tipo de tecnologia: “Temos a X-Trail com a tecnologia E-Power no México. Também vendemos na Colômbia, na Argentina e no Chile, testando esses mercados. No Brasil estamos avaliando qual será o melhor momento”.
Durante a visita do principal executivo na região para avaliar o desenvolvimento dos próximos passos no País o presidente da Nissan no Brasil, Gonzalo Ibarzábal, reforçou a intenção de seguir crescendo a participação nas vendas. No ano passado, ele disse, as vendas cresceram 35,2% e a Nissan ficou com 3% de participação: “Este ano, com o portfólio atual, mantivemos o ritmo com aumento de 34,3% nas nossas vendas enquanto o mercado cresce 15%”.
Antes de voltar ao México, de onde dirige as ações da Nissan em mais de trinta países da região, Guy Rodriguez lembrou que o objetivo em 2026 “é obtermos 6% do mercado brasileiro com os novos veículos que faremos por aqui”.