Expectativa é de que o Mover puxe o volume de veículos reciclados pois as montadoras poderão receber benefícios
São Paulo – A Renova Ecopeças, empresa do Grupo Porto com foco na reciclagem de veículos e no comércio de peças originais em bom estado, já reciclou mais de 25 mil carros e comercializou mais de 600 mil peças, que foram retiradas dos veículos e reinseridas no mercado com um custo bem menor do que um componente original e novo, colocando em prática os conceitos da economia circular.
A divisão da Porto está no mercado há onze anos e é a maior recicladora de veículos do Brasil, desmontando e dando o descarte correto para 2,7 mil unidades por ano. Com a aprovação do Mover, Programa de Mobilidade Verde e Inovação, Daniel Morroni, diretor da Renova Ecopeças, acredita que o mercado de reciclagem veicular deverá crescer nos próximos anos, uma vez que as montadoras que comprovarem o descarte correto de um determinado número de veículos poderão receber incentivos tributários:
“Outro ponto que deverá ajudar no crescimento é o grande mercado de reciclagem veicular que ainda não é explorado. Hoje, no Brasil, apenas 1,5% dos veículos são reciclados da forma correta, enquanto em mercados mais maduros, como Estados Unidos e China, esse porcentual chega a 95%”.
A linha de desmontagem está instalada na Vila Jaguara, em São Paulo, e por ora é abastecida com veículos que foram dados como perda total pela Porto Seguro e por outras seguradoras. A empresa compra os veículos para realizar o processo de reciclagem, desmonta automóveis e comerciais leves e está iniciando o processo de reciclagem de motocicletas também.
Ao chegar o veículo vai para a área de descontaminação, onde todos os fluídos, óleo e combustível são retirados. Depois ele segue para a fila de desmontagem, caso não tenha nenhum comprador interessado em levar o carro inteiro, o que acontece com veículos antigos que passaram por uma pequena colisão e foram dados como perda total porque a seguradora não tem como arrumar pela falta de peças originais.
Depois de entrar na linha de desmontagem, os funcionários avaliam a situação do carro e as peças que foram danificadas na batida são descartadas para reciclagem, junto com itens de segurança que a empresa não pode revender, como barra de direção, discos e pinças de freio, dentre outros. Os itens que estão em bom estado, são separados, limpos e recebem a etiqueta de rastreamento da peça do Detran:
“As peças que estão sem nenhum tipo de dano são classificadas na categoria A e revendidas para mecânicos e clientes finais com custo de 40% a 60% do preço de uma original nova. Os componentes que podem ser reaproveitados, mas possuem algum tipo de reparo, são classificados como B e também são revendidos, porém, o comprador sabe que aquela peça não está como uma nova”.
Atualmente a Renova Ecopeças vende 5 mil peças por mês, com um estoque em torno de 22 mil componentes, sendo que o tempo médio em que uma peça fica estocada é de três a quatro meses, segundo o executivo. Motor, câmbio e peças que fazem parte da lataria do veículo, como as portas, são itens de grande demanda que costumam ficar pouco tempo no estoque.
Em onze anos a Renova Ecopeças já vendeu mais de 600 mil peças que foram retiradas dos veículos que vão para reciclagem. A empresa calcula que 80% dos compradores são mecânicos que usarão os componentes em sua oficina, e os outros 20% são de clientes finais que muitas vezes estão procurando alguma peça para o seu carro. As vendas ocorrem via Whatsapp, site oficial da Renova, Mercado Livre e na loja da empresa.
De acordo com o diretor até 85% das peças podem ser reinseridas no mercado, mas esse porcentual varia de acordo com a situação do veículo, pois em casos de incêndio, por exemplo, dificilmente a empresa recupera algo e, nesses casos, realiza apenas o processo de reciclagem, descontaminando o modelo e vendendo como sucata de aço para empresas credenciadas. 10% são resíduos que são vendidos para parceiros e 5% são vendidos como sucata.