Ingressaram no mercado brasileiro 467 mil unidades no ano passado, alta de 33% em relação a 2023
São Paulo – As importações de veículos somaram 467 mil unidades em 2024, o que representa avanço de 33% na comparação com os doze meses anteriores e configura o maior volume dos últimos dez anos. Até então o volume mais expressivo havia sido registrado em 2015, 414 mil unidades.
O que mais chama atenção, de acordo com os dados da Anfavea divulgados na terça-feira, 14, é que 38% do volume provêm de países fora do Mercosul e México, mercados com os quais o Brasil mantém acordo comercial – em 2022 este porcentual foi 17%. Além disto a participação de empresas que não fabricam no Brasil dobrou – o que já havia sido indicado na última entrevista coletiva à imprensa, em dezembro – e encerrou 2024 aos 28%, enquanto que em 2023 eram 14%.
Outro dado apresentado por Igor Calvet, diretor executivo da Anfavea, é que este movimento foi impulsionado pela eletrificação, uma vez que cerca de 200 mil veículos importados foram híbridos e elétricos.
Calvet ressaltou, neste contexto, que os carros vindos da Argentina reduziram sua participação de 62% para 48% em um ano, embora o país vizinho siga como o maior fornecedor de veículos importados do Brasil, com 224,7 mil unidades em 2024, leve alta de 2%. Ocorre que outras nações ampliaram, ao ritmo de dois dígitos, sua fatia no mercado brasileiro.
A China, por exemplo, embarcou 120,3 mil veículos para cá, alta de 187%, e mais do que dobrou seu market share, de 12% para 26%: “Além deste, que é um dos mais expressivos crescimentos em volume, temos o da Tailândia, que ampliou em 193% o número de veículos enviados ao Brasil. Embora sua fatia seja de 2% e o número pequeno, passou de 2,5 mil para 7,4 mil. A velocidade destes avanços preocupa”.
O presidente da Anfavea observou que, em valores, ingressaram no Brasil veículos que somam US$ 4,5 bilhões ou R$ 30 bilhões, o que representou renúncia fiscal de R$ 6 bilhões em 2024, “isto porque o Brasil não possui uma política de proteção e, sim, apenas medida temporária de elevação progressiva da alíquota de importação. Esta cifra poderia ter gerado postos de trabalho no Brasil e estimulado investimentos em P&D”.
Lima Leite lembrou os R$ 180 bilhões em aportes motivados pelo Programa Mover, Mobilidade Verde e Inovação, sendo R$ 130 bilhões das montadoras e R$ 50 bilhões da cadeia, e exaltou a criação de 107 mil vagas pelo setor no País em 2024, alta de 8,3% frente ao ano anterior. “Não podemos aceitar esta quantidade de importações, o que prejudica fortemente a retomada da nossa competitividade”.