São Paulo – Está difícil avaliar o desempenho do mercado de caminhões nos próximos meses. Alex Nucci, diretor de vendas de soluções da Scania Operações Comerciais Brasil, disse não conseguir fazer uma estimativa: avalia que tem potencial para crescer de 1% a 2%, mas também pode empatar com 2024 ou registrar queda nas vendas. Tudo dependerá, afirma, da demanda nos primeiros meses de 2025.
Segundo o diretor o mercado acima de 16 toneladas, no qual a Scania opera, cresceu 10% até a primeira quinzena de fevereiro, puxado pelo avanço de 30% nas vendas de caminhões semipesados, enquanto os pesados cresceram 2% ou 3%: “Nesse acumulado, ainda com dados preliminares, pode ser que tenha muito efeito da Fenatran do ano passado, com os pedidos entregues no começo do ano”.
Por esta razão, acha melhor esperar. Jogam contra o aumento da taxa Selic, que poderá chegar a 14,25% ou até superar este porcentual – segundo Nucci alguns economistas já falam em uma taxa básica de juros na casa dos 18% – e a disponibilidade de crédito, pois o diretor acredita em maior restrição na aprovação das fichas de financiamento.
Outro ponto de atenção é aumento no preço do diesel, somado a um desempenho mais fraco da construção civil, que no caso das obras públicas deverá ter muito projeto travado por falta de verba, de acordo com o diretor. Há também dificuldades na produção de cana-de-açúcar.
Segundo ele as próximas semanas trarão uma maior clareza do que deverá ocorrer: “Acho melhor esperar o fim de março, ou até o fim de abril, para ter uma clareza maior, pois hoje há muita neblina no caminho”.
A Volvo, na semana passada, indicou tendência de queda nas vendas na casa dos 10%.
Pontos a favor
O agronegócio tem pontos positivos que podem impulsionar a demanda, como a produção recorde de grãos esperada para o ano, com alta de 10% sobre 2024, dólar alto que puxa as exportações para cima, junto com uma demanda global estável. Tudo isso indica que o ano será bom nesse segmento, mas não é possível afirmar que esses fatores puxarão uma venda maior de caminhões:
“É possível que os produtores usem 2025 para equilibrar o caixa e escoar sua produção com a frota que já está rodando. Tem cliente que pode pensar em comprar dez caminhões, recuar e comprar só três, mantendo sete que já estão em uso por mais um ano, por exemplo”.
Outros segmentos como carga refrigerada, carga geral e e-commerce podem ajudar no crescimento, pois estão com demanda aquecida. Por todos os fatores citados, Nucci acredita que é impossível prever agora como será o mercado até dezembro, e aguarda o fechamento do primeiro trimestre ou do primeiro quadrimestre para definir suas expectativas.
No mercado de caminhões movidos a gás a Scania espera um forte crescimento das suas vendas, com projeção de mais de 1 mil unidades até dezembro. Segundo Nucci 430 pedidos já estão em carteira.