São Paulo — Em fase de protótipo nova linha de baterias da BorgWarner chegará ao mercado brasileiro no segundo semestre de 2026. Trata-se da tecnologia LFP, lítio-ferro-fosfato, que propõe melhor custo-benefício por ser menor, recarregar mais rápido e poder ser usada em veículos comerciais leves e médios, além de servir também para produção de módulos de energia estacionária.
A ideia é oferecer as novas baterias para testes e assim alinhavar negócios, que se forem fechados poderão trazer a produção à fábrica de Piracicaba, SP, onde hoje a BorgWarner monta sistemas de baterias NMC, níquel-manganês-cobalto, já fornecidos para equipar o ônibus elétrico da Mercedes-Benz eO500U produzido em São Bernardo do Campo, SP.
A informação foi confirmada por Marcelo Rezende, diretor para sistemas de baterias da BorgWarner, durante evento que celebrou os 50 anos da empresa no Brasil, em história iniciada em 1975 com uma fábrica de turbocompressores para veículos comerciais pesados em Campinas, SP. Para ampliar a produção as operações migraram para uma nova planta em Itatiba, SP, onde também são produzidas embreagens viscosas e correntes de comando. Mais recentemente foi instalada a montagem de sistemas de baterias em Piracicaba.
Melhor custo-benefício
A bateria LFP é a mais utilizada atualmente por veículos elétricos e híbridos no mundo todo, afirmou Rezende, ao contar que há diversos clientes no País interessados em adotar a tecnologia, que traz melhor custo-benefício em comparação à NMC.
Embora não tenha divulgado a diferença de valores o executivo ressaltou que a vida útil é maior, com 6 mil ciclos de recarga contra 4 mil da NMC e que, portanto, deverá durar mais de dez anos na primeira vida e poderá ter uma segunda vida em bancos de energia antes de seguir à reciclagem. Além disso as LFP podem ser recarregadas mais rápido, de 10% vai a 80% em meia hora.
O protótipo do sistema que chega ao Brasil foi desenvolvido na matriz da BorgWarner em parceria com a FinDreams, subsidiária da BYD que produz as baterias blade, menores e mais seguras. A linha de produção na China está fazendo as primeiras amostras e o plano é levar a produção onde houver fábrica de baterias.
“O objetivo é comprar a célula da FinDreams e produzir o restante do sistema em Piracicaba. De qualquer forma teremos o produto disponível aqui a partir do segundo semestre do ano que vem. Nossa linha no Brasil dependerá de negócios fechados. Se tivermos contratos com clientes faremos aqui.”
Conversas com clientes potenciais
Sem revelar pormenores Rezende disse que já existem conversas com fabricantes nacionais. O passo seguinte será oferecer aos interessados o produto para testes. Também existe o desejo de abrir o leque para além dos veículos comerciais.
“Entendemos que o mercado demandará diferentes aplicações da LFP, que gera densidade energética quase tão alta como NMC, chega a 85%. É possível usá-la em aplicações fora-de-estrada, como máquinas e implementos para agricultura, mineração, construção, em carretas com eixo de tração elétrica, e em indústrias, como armazenadores de energia de data centers, por exemplo, que não podem ser interrompidos.”
Dado o objetivo de, assim como ocorre com os sistemas de bateria NMC, ter a co-localização e a co-participação, uma vez que a célula ainda não é produzida no Brasil, um novo ciclo de investimentos deverá ser negociado.
A expectativa, conforme o diretor da BorgWarner, “é muito grande”, por causa da projeção de aumento da adesão da eletrificação: ele imagina que este mercado continuará crescendo sustentavelmente nos próximos cinco a dez anos.
“Com estes volumes acontecendo buscaremos investimentos e negociaremos com fabricantes de veículos comerciais, como vans, caminhões e ônibus pequenos, e mercados adjacentes. Trata-se de tecnologia muito estratégica.”
Ônibus grandes também poderão utilizar esta bateria de menor carga energética, a depender de quanto precisará de autonomia e de quanto necessitará de energia no veículo: “Por isto o ideal é que tenhamos os dois produtos no portfólio, NMC e LFP, para avaliarmos em conjunto qual o que se adequará melhor”.
Desde 2023, quando a fábrica de Piracicaba começou a montar as baterias NMC, já foram produzidos 6 mil itens eletrônicos que compõem o sistema.
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