Tarifas de Trump elevam concorrência no Brasil e abrem oportunidades de cobrir desabastecimento de peças chinesas nos Estados Unidos
São Paulo – Aos 79 anos a Rio-Riosulense, fabricante de peças de motores para reposição e estruturas metálicas para montadoras de pesados, enxerga oportunidade ímpar no mercado externo para continuar crescendo dois dígitos ao ano e triplicar sua fatia de exportação a um terço da produção. Foi o que contou o seu gerente geral, Gustavo Piovesan Correa, durante a Automec 2025, feira dedicada ao mercado de reposição realizada até sábado, 26, no São Paulo Expo.
Com a escalada dos juros o poder de compra dos clientes diminuiu, disse o executivo, e por causa disto a empresa está ampliando seus prazos e desenvolvendo mais parceiros em busca de maior competitividade.
“Se faz necessário ainda mais porque, de um ano e meio para cá, a concorrência tornou-se mais acirrada. Se antes havia duas empresas fornecendo determinado item hoje há até oito e a maior parte delas é chinesa.”
O que se agravou recentemente, uma vez que as barreiras impostas pelos Estados Unidos com sobretaxação de 145% a itens made in China fazem com que eles busquem colocar seus produtos em outros mercados, como o Brasil.
Para equilibrar esta balança a fabricante de Rio do Sul, SC, tem redirecionado mais seus esforços para as exportações, que representam em torno de 10% da produção para 25 países e, em quatro ou cinco anos, o objetivo é ampliar para 30%.
“Este é o momento, uma vez que as empresas estadunidenses ficarão, de alguma forma, desabastecidas da fonte da qual sempre compraram, pois quando falamos em exportação o nosso principal concorrente é a China, seguido da Índia.”
Para ele agora o Brasil começa a ser visto mais fortemente como uma alternativa e, ainda que, eventualmente, nos próximos seis meses esta situação da sobretaxação se resolva, esta é a possibilidade de cobrir este espaço e conquistá-lo: “Em outro cenário não ganharíamos esta oportunidade, só mesmo pela escassez ou pela situação atual”.
Hoje os Estados Unidos representam 36% das exportações da Rio.
Correa: 50% dos lucros obtidos no ano passado serão investidos em 2025. Foto: Divulgação.
Com isto seguem os planos de elevar o faturamento em dois dígitos. No ano passado a companhia ampliou em 14% a sua receita e, para este ano, o plano é incrementar mais 16%, para R$ 550 milhões.
O setor automotivo representa 74% do faturamento da companhia, e em torno de 70% da receita provêm do aftermarket, sendo que 70% das peças são para automóveis e comerciais leves. A linha fornecida para montadoras é toda dedicada a veículos pesados e responde por 24% das receitas, sendo deste total 9% gerados por ônibus e 91% por caminhões. Os outros 6% são do ramo ferroviário e itens não automotivos.
Rio colhe frutos de prêmios como fornecedorem 2024
Gustavo Correa reforçou a importância de manter-se atento tanto ao negócio da companhia como aos movimentos do mercado que, em sua avaliação, tem espaço para todos que possuem estratégia bem definida: “No ano passado, para se ter ideia, a empresa foi premiada por seis multinacionais, como John Deere, Cummins, Maxion e MWM. O que, inclusive, levamos como grande argumento de vendas na hora de fechar negócio”.
Ele contou que, com estas premiações, a Rio está sendo solicitada para participar de cotações no mercado externo. E, assim, aproveita para ampliar visibilidade e contatos.
No fim do ano passado a Rio começou a fornecer as primeiras peças para o ônibus elétrico da Volvo, em Curitiba, PR, suportes estruturais de ferro e aço: “A eletrificação não nos impacta tanto, até traz oportunidades, uma vez que cerca de 80% das peças continuarão as mesmas e nós seguiremos inovando para atender as tendências”.