Produção e mercado interno caíram, mesmo com projeções de crescimento do PIB e bons números do agronegócio
São Paulo – A indústria de caminhões não consegue avançar em 2025, mesmo com a previsão de crescimento da economia, da safra do agronegócio em bom volume e de demanda reprimida por veículos pesados. Contra o setor pesam o crescimento da inadimplência dos produtores rurais e a elevada taxa de juros, que foi mantida em 15% e tem impactado os financiamentos de veículos.
“Mesmo com este cenário positivo o mercado de caminhões vai mal, com queda em todos os segmentos”, afirmou o presidente executivo da Anfavea, Igor Calvet, em entrevista coletiva à imprensa na quarta-feira, 8. “Os pesados registraram retração nas vendas superior a 20% até setembro, indo muito mal.”
A produção de caminhões de janeiro a setembro somou 98,6 mil unidades, queda de 3,9% na comparação com iguais meses do ano passado, quando a indústria nacional já tinha ultrapassado as 100 mil unidades. A queda só não foi maior até agora pelo bom desempenho das exportações.
Em setembro foram produzidos 10,1 mil caminhões, queda de 23,5% com relação a idêntico período do ano passado e estabilidade com relação a agosto.
As vendas até setembro retratam um pouco melhor o cenário, com queda de 7,7% na comparação com iguais meses do ano passado, somando 84,1 mil unidades. No segmento de caminhões pesados o recuo ficou superior a 20%, cenário considerado grave pelo presidente: “O desempenho das vendas de pesados era um sinal de alerta há três meses e agora é um cenário preocupante, pois o segmento representa quase metade de todos os caminhões vendidos no País, algo em torno de 45%”.
Em setembro as vendas somaram 9,8 mil unidades, recuo de 14,5% sobre idêntico mês de 2024 e crescimento de 9,9% com relação a agosto.
O desempenho por trimestre, apresentado pela entidade, apontam como caminha o setor. No primeiro trimestre do ano houve alta de 8,8% nas vendas, no segundo o segmento já registrou queda de 5,5%, que se acentuou no terceiro, chegando a 14% de retração, muito influenciada pelo mau desempenho dos caminhões pesados.
Exportações em alta
As exportações são o grande ponto positivo do segmento em 2025, com 21,6 mil caminhões até setembro, expansão de 84,7% sobre iguais meses do ano passado. Em setembro os embarques somaram 2,7 mil unidades, crescimento de 56,2% na comparação com idêntico mês de 2024 e queda de 3,5% com relação a agosto.
Calvet disse que o cenário para o ano que vem é bastante desafiador, principalmente nos dois primeiros trimestres: “A taxa de juros ainda não caiu e precisamos de algum indicativo de recuo ao longo de 2026. Se não recuar a maior probabilidade é de um mercado igual ao de 2025. Do lado positivo temos alguns mercados externos que podem nos favorecer, assim como o câmbio”.