AutoData - Indústria e Governo articulam medidas para renovação de frota
Conjuntura
13/09/2017

Indústria e Governo articulam medidas para renovação de frota

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Foto Jornalista  Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

Representantes da indústria e sindicalistas apresentaram na terça-feira, 12, propostas para retomada do crescimento econômico ao presidente da república e ministros, em Brasília. Foram sete medidas para aplicação no curto prazo, dentre as quais renovação de frota de veículos e incentivos ao setor de autopeças.

 

Paulo Skaf, presidente da Fiesp, participou do encontro e disse que ambos os temas que dizem respeito ao setor automotivo são considerados prioridade e possíveis de serem estimulados já no começo de 2018: “Existem outras demandas, mas enxergamos que estes dois assuntos são mais urgentes para começar um processo de crescimento dentro de um dos setores que mais empregam no País”.

 

Para o representante da indústria, as medidas apresentadas sugerem que sejam destravadas por parte do governo federal barreiras que restringem o crédito às empresas que planejaram renovação de frota para o ano que vem. A proposta é que o BNDES libere um volume maior de recursos e sem agentes intermediários:

 

“Não é incentivo, até porque o nosso banco de fomento pratica juros maiores na comparação com os de países desenvolvidos. Queremos que o crédito seja destravado para quem precisa fazer aquisições de veículos, entre outras ferramentas. Hoje, com a figura do intermediário, que assume o risco da operação financeira, em alguns casos o dinheiro não chega até a ponta porque não há garantias suficientes para a liberação da verba”.

 

Skaf não entrou em pormenores sobre a íntegra das propostas e se tratam especificamente de um segmento dentro do setor automotivo, mas contou que o pleito da indústria é que o BNDES crie novas linhas de crédito que não demandem bancos de varejo como intermediários: “A sinalização do presidente da entidade, Paulo Rabelo, é de que isso aconteça para beneficiar empresas de diversos portes e segmentos”.

 

Os segmentos de caminhões e ônibus, por exemplo, são os que mais dependem de linhas de crédito para aquisições. Ambos atualmente enfrentam dificuldades para se reestabelecerem em termo de produção e licenciamentos. De janeiro a agosto deste ano, as fabricantes trabalharam para reduzir as perdas nos dois quesitos, mas a retomada está ligada diretamente ao PIB e acesso ao crédito. 

 

Em 2016 o BNDES liberou R$ 88,3 bilhões em recursos para projetos de investimento. O setor industrial liderou os desembolsos com R$ 30,1 bilhões e participação de 34,2% sobre o total liberado. Em seguida veio o setor de Infraestrutura, para o qual foram desembolsados R$ 25,9 bilhões, 29,4% do total.

 

Na comparação com o período anterior, houve retração nominal de 35% nos desembolsos totais do banco. Aprovações, enquadramentos e consultas tiveram queda nominal, de 28%, 16% e 11%, respectivamente. A expectativa da indústria, de acordo com Paulo Skaf, é de que a retomada do setor automotivo nas vendas internas, e de obras de infraestrutura que hoje se encontram paradas no País, reestabeleça o crescimento dos reembolsos do banco de fomento.

 

A liberação do crédito, ainda, é vista como ferramenta de incentivo ao setor de autopeças, disse o presidente da Fiesp. Em conjunto com outras questões ligadas à macroeconomia, como reforma trabalhista, aumento do PIB e redução da inflação, a entidade acredita que o fomento via recursos irá aumentar a competitividade do segmento.

 

Outra questão abordada por Skaf para que haja retomada no setor de autopeças foi a coibição por parte do governo federal de práticas de concorrência de fabricantes estrangeiros consideradas desleais: “Quando você tem um setor muito competitivo em preço, é muito injusto quando empresas daqui deixam de vender por causa de práticas de dumping. Reativando o setor e tomando cuidado para que não aconteçam práticas desleais, o setor de autopeças pelo menos estaria sendo atendido por estes pontos ligados a macroeconomia”.

 

Foto: Marcos Corrêa